Mercado Imobiliário 04/08/2016


Após 2 anos, principal diretriz do Plano Diretor continua no papel; mercado culpa crise

 

Fonte: O Estado de S. Paulo, 31 jul. 2016

 

Dois anos após a sanção do Plano Diretor, a principal diretriz definida pela lei ainda segue no papel. O adensamento populacional em ruas e avenidas dotadas de transporte público, a partir da construção de edifícios sem limite de altura, com comércio no térreo e somente uma garagem por unidade, ainda não emplacou. A demora tem nome e sobrenome: crise econômica.

 

A exceção está em um pequeno trecho da zona oeste de São Paulo. Na valorizada Vila Madalena, nos arredores da estação de metrô, a estagnação do mercado passa longe. De junho de 2014 para cá, dezenas de sobrados já foram demolidos para a construção de espigões com mais de 20 andares – antes do plano, o máximo permitido no bairro eram oito andares.

 

Em algumas vias da região central, como a Avenida São Luís, ou a Rua Marquês de Itu, os “efeitos do plano” podem ser percebidos, mas em uma escala bem menor do que a prevista tanto pela gestão Fernando Haddad (PT) como pelo setor imobiliário – na época, falava-se que a transformação da cidade começaria em dois ou três anos. Em ambos os endereços, há prédios em obras que incorporam parte dos padrões estabelecidos na legislação, como fachada ativa (de uso não residencial, aberto à população).

 

“No geral, o novo modelo de construção ainda não vingou. Após a sanção do plano, a crise econômica se intensificou, reduzindo o número de lançamentos. Para piorar, a cidade já tinha um estoque de projetos aprovados muito alto”, diz o empresário e ex-presidente do sindicato da habitação (Secovi) Cláudio Bernardes.

 

Para o diretor da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), Reinaldo Fincatti, o empresário está fazendo as contas hoje para avaliar se vale ou não a pena usar alguns incentivos dados pelo plano, como viabilizar lojas e serviços nos térreos de prédios residenciais. Pela lei, não é computável, até o limite de 50%, a área do lote destinada à implementação deste instrumento.

 

“Nem todo lugar da cidade tem demanda para fachada ativa. Investir em imóvel comercial neste momento da economia só compensa em vias movimentadas. Se todo mundo fizer vai haver uma superoferta, e aí o incentivo vira prejuízo”, diz.

 

Na tentativa de alavancar a verticalização prevista, a nova Lei de Zoneamento, aprovada em fevereiro, flexibilizou algumas normas do plano. Liberou, por exemplo, duas vagas de garagem e imóveis maiores nos eixos. “Isso pode ajudar a reverter a situação, mas não tão breve”, completa Bernardes.

 

Parques. Além de padrões urbanísticos, faltam sair do papel outros mecanismos, como o incentivo à proteção das áreas verdes. No plano, ficou definido que a Prefeitura criaria um fundo municipal para novos parques e que também pagaria por serviços ambientais prestados pela população. Dois anos depois, ambos os instrumentos aguardam regulamentação.

 

O primeiro prevê que qualquer pessoa, física ou jurídica, pode colaborar com a desapropriação de terrenos para parques, em uma espécie de “vaquinha ambiental”. O segundo, que proprietários de terras preservadas fossem remunerados.

 

A Prefeitura reconhece a demora nesses dois instrumentos, mas ressalta que muito foi feito pela administração desde 2014. Em entrevista ao Estado, o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano, Fernando de Mello Franco, elencou mais de 20 medidas adotadas para viabilizar o plano, entre elaboração de projetos de lei relacionados, publicação de decretos de regulamentação e ampliação da participação social.

“Esse plano tem prazo de 16 anos. Os efeitos não são de fato imediatos, mas estamos avançando em um ritmo que considero bom. Há coisas atrasadas, outras adiantadas. A crise paralisou o mercado imobiliário, isso é fato, mas o Plano Diretor não se resume apenas a isso”, disse.

 

Para a secretária municipal de Licenciamento, Paula Motta Lara, toda mudança de legislação demanda um tempo de adaptação, que pode ser maior ou menor de acordo com as condições econômicas. “Aos poucos, os novos projetos estão absorvendo essas alterações. Acredito que até meados do ano que vem o número de processos sob as novas regras vai aumentar.”

 

Relator do projeto de lei que resultou no Plano Diretor, o vereador Nabil Bonduki (PT) avalia que diretrizes já foram incorporadas. Para ele, apesar da crise, os empresários do setor estão encaminhando seus projetos de acordo com padrões definidos pelo plano. “A Prefeitura e a população também mudaram de comportamento, especialmente em relação à redução do uso do carro”, diz o petista, referindo-se ao aumento das ciclovias e da liberação dos carros compartilhados, como o Uber.

 

Queda de preço no mercado imobiliário brasileiro atrai estrangeiros

Fonte: The Wall Street Journal

 

Os investidores internacionais que fizeram grandes apostas no mercado imobiliário brasileiro não têm nenhuma ilusão de que os Jogos Olímpicos que começam na sexta-feira ajudem a encurtar a dura maratona econômica que exaure o país.

 

Mas alguns dizem que um aspecto positivo começa a surgir em meio à recessão prolongada, escândalos de corrupção, fraqueza do real e crise política: as dificuldades enfrentadas por proprietários de imóveis estão chegando a um ponto em que eles estão sendo forçados a vender propriedades com grandes descontos.

 

O sinal mais recente dessa tendência é o interesse do gigante americano de private equity Blackstone Group LP em comprar uma participação de 50% em cinco shoppings da firma imobiliária JHSF Participações, em um negócio que avaliaria a carteira da JHSF em mais R$ 2 bilhões, de acordo com pessoas a par do assunto. As ações da JHSF têm sido negociadas abaixo de R$ 1, em comparação com mais de R$ 4 em 2012, e a empresa tem sido pressionada para reduzir sua dívida.

 

No ano passado, a firma americana de priva te equity GTIS Partners fechou o capital da Brazil Hospitality Group, uma das maiores proprietárias de hotéis do país, em uma oferta avaliada em US$ 400 milhões. A GTIS aproveitou o baixo preço das ações da empresa e a forte pressão feita por um acionista ativista, diz Tom Shapiro, um dos fundadores da GTIS.

 

Agora, a GTIS está procurando fazer negócios com construtoras de imóveis residenciais que estão sem dinheiro para terminar projetos porque as vendas despencaram. “Leva tempo para que eles percebam que têm problemas, como todos sabemos”, diz Shapiro. “Então, demorou para que os preços dos ativos fossem redefinidos.”

 

Outros grandes investidores internacionais que estão ativos no momento no Brasil incluem a canadense Brookfield Property Partners LP, a Gazit Global, que tem sede em Tel Aviv, e as americanas Tishman Speyer Properties e a Equity International, do megainvestidor Sam Zell. Os executivos dessas empresas dizem esperar que a demanda por edifícios de escritórios, condomínios, lojas e outras propriedades se mantenha fraca, o que torna mais difícil para os investidores estrangeiros no curto prazo produzir os retornos acima de 20% esperados do mundo de alto risco do mercado imobiliário de

países emergentes.

 

Mas a atual procura por ativos baratos por muitas dessas empresas ressalta como redobrar a aposta tem um papel importante nas estratégias do investidor internacional para os mercados emergentes. Construir operações nesses países os coloca em posição de aproveitar as pechinchas que se materializam durante ciclos de fraqueza econômica, dizem os executivos.

 

A Tishman Speyer, investidor e incorporadora global que está no Brasil há 20 anos, fez alguns de seus negócios mais rentáveis no Brasil em 2002, depois que Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito presidente, suscitando preocupações sobre a economia do país, diz Rob Speyer, diretor-presidente da empresa. “Você tem que ter estômago para momentos como estes”, diz ele.

 

A unidade brasileira da Gazit conseguiu recentemente obter lucro rápido ao comprar uma participação de 5,16% na BRMalls Participações SA, quando as ações da empresa desabaram no ano passado. Desde então, as ações da BR Malls subiram. A Gazit anunciou no mês passado que reduziu sua participação para menos de 5% e usou os recursos para financiar a maior parte da compra do Top Center Shopping, em São Paulo, por R$ 153

milhões.

 

“Os varejistas podem se beneficiar da fraqueza cambial já que os consumidores brasileiros estão viajando menos e fazendo suas compras no mercado local”, diz Mia Stark, presidente da Gazit Brasil, em uma declaração por escrito.

 

Certamente, alguns investidores estrangeiros não estão satisfeitos com experiências prévias no Brasil. A Related Cos., por exemplo, enfrentou grandes atrasos jurídicos em um de seus dois projetos de imóveis residenciais por causa de divergências entre vários ramos do governo sobre regras e alvarás.

 

Usando a experiência acumulada em mercados estrangeiros, “primeiro fomos para a China e depois o Brasil”, diz Stephen Ross, presidente do conselho da Related em uma conferência de investimento em março. “Tenho que dizer, eles não deram certo.”

 

Executivos de empresas de investimento que optaram por não se expandir no Brasil, entretanto, dizem que não se arrependem de suas decisões. Eles apontam para o declínio do real, que foi de cerca US$ 0,60 para cerca de US$ 0,30, que tem sido devastador para quem comprou propriedades no auge econômico, usando fundos em dólar.

 

“Há mais risco de queda” em um país que enfrenta “uma recessão prolongada” e a instabilidade política, que é “a nova norma”, diz Ralph Rosenberg, diretor global de grupo imobiliário da firma de priva te equity KKR, em um e-mail. “Como um investidor global [que compra] em dólares, vemos melhor valor ajustado pelos riscos em outros mercados.”

 

A maioria dos investidores que estão ativos no Brasil diz que eles tomaram medidas para se proteger das crises. Por exemplo, a Tishman Speyer é dona de um prédio de escritórios no Rio de Janeiro que está quase vazio. Mas o edifício foi pago com capital próprio, o que significa que o serviço da dívida mensal não é um problema. “Nós temos o luxo de ser pacientes e pensar a longo prazo”, diz Speyer. “Nós não investiríamos de outra forma.”

 

Além disso, os investidores dizem que há sinais de que a economia brasileira já atingiu o fundo do poço. Por exemplo, a moeda estrangeira se recuperou, e o real agora vale cerca de US$ 0,30, ante US$ 0,25 no ano passado.

 

O megainvestidor Zell, que procura por “oportunidades interessantes” no Brasil, diz que a situação política melhorou desde que a presidente Dilma Rousseff foi suspensa até que se realize o processo de impeachment.

 

“Acho que as coisas estão mais estáveis hoje, mas não acho que eu levaria essa estabilidade para o banco”, disse ele.

 

Rival de Sam Zell é nova sócia da Aliansce

Fonte: Valor, 04 ago. 2016

 

Dois meses após ter se tornado novamente sócia da Aliansce Shopping Centers, a General Growth Properties (GGP), segunda maior empresa de shoppings dos Estados Unidos, conseguiu deixar o negócio, como já se previa.

 

Na terça­feira, a Aliansce informou que a GGP fechou contrato para a venda da fatia de 11,3% na empresa brasileira para a gestora de private equity Jaguar Growth Partners ­ comandada por ex­executivos da Equity International, do investidor Sam Zell.

 

Em junho, por conta de um direito de acionistas brasileiros da Aliansce de acionarem uma cláusula sobre distrato entre a companhia e a GGP, a empresa americana acabou voltando a ser sócia na Aliansce, com 11,3% do capital. Desde então, como antecipou o Valor há dois meses, a GGP buscava um comprador para a sua participação entre fundos e empresas estrangeiras do setor imobiliário. O anúncio da venda dos 11,3% para a Jaguar Growth Partners é consequência desse movimento.

 

O distrato entre Aliansce e GGP, que levou o grupo a ser sócio dos brasileiros novamente, aconteceu porque, na prática, um grupo de sócios da Aliansce consideraram o acordo de saída da GGP desvantajoso. Como Renato Rique, diretor presidente e acionista da Aliansce, poderia rever condições dentro de um prazo de cinco anos após a saída da GGP, optouse pelo distrato.

 

Segundo fontes, a transação envolvia pagamento de juros à GGP por cinco anos, até a conclusão definitiva da transação, e esse pagamento começou a ficar caro para Rique e outros sócios da Aliansce.

 

Agora, com a entrada da Jaguar no negócio, os maiores acionistas da empresa são os canadenses da CPPIB (29,2%), seguidos da Jaguar (11,3%) e de Renato Rique, que antes do distrato tinha 20,5% da empresa e hoje é dono de 11%. Rique e CPPIB são do bloco de controle, com voto em consenso.

 

A Jaguar Growth Partners é uma gestora de private equity focada em mercados fora dos Estados Unidos, criada em 2013 e liderada por Gary Garrabrant e Thomas McDonald, ambos ex­diretores da empresa de investimentos Equity International, de Sam Zell.

 

Após deixar o comando da Equity, em 2012, Garrabrant abriu a Jaguar ao lado de McDonald, disputando ativos em mercados também avaliados com potencial de crescimento pela própria empresa de Zell ­ que já foi acionista da companhia de shoppings BRMalls.

 

Em outubro de 2015, a Jaguar abriu um escritório em São Paulo, presidido pelos brasileiros Christian Klotz (ex­Fama Investimentos) e Ricardo Costa (ex­Gávea Investimentos), com objetivo de estar mais próximo do mercado para buscar ativos locais ­ especialmente os voltados para classe média. A Aliansce administra e controla 19 shoppings no país, boa parte deles focada nos públicos das classes B e C.

 

Projeto prevê restaurantes, estação de trem e 4 pontes em nova Ceagesp

Fonte: Folha, 03 ago. 2016

 

Uma passarela com visão para os estandes de venda de frutas, uma nova estação de trem e um espaço para restaurantes. Essas são as primeiras propostas de um grupo de comerciantes paulistanos para o projeto de criação de uma nova Ceagesp em Perus, zona norte de São Paulo.

A ideia, ainda embrionária, é criar uma estrutura para receber produtores agrícolas e compradores, aos moldes da atual Ceagesp, na Vila Leopoldina, na zona oeste.

A criação de um novo entreposto na cidade é apoiada pela gestão Fernando Haddad (PT), que quer revitalizar a região da Vila Leopoldina.

Para que o empreendimento dê certo, no entanto, o grupo de comerciantes que conduz o projeto terá que convencer outros permissionários a bancarem um investimento de R$ 5 bilhões necessário para a mudança, incluindo uma série de intervenções viárias, como quatro pontes e acessos à rodovia dos Bandeirantes.

Os comerciantes que se opõem à mudança alegam que o custo é muito alto e que não compensaria diante de investimentos já feitos na Vila Leopoldina. Outros pedem a autogestão da atual área.

Inicialmente rejeitada pela nova direção da Ceagesp, a ideia acabou recebendo aval de Blairo Maggi, ministro da Agricultura do governo Temer (PMDB). A prefeitura discute dar benefícios à União, responsável pela companhia, caso a mudança ocorra em até cinco anos.

A Ceagesp diz que pretende incluir todos os envolvidos na operação do entreposto da Vila Leopoldina no projeto. Segundo a administração, a criação de um novo empreendimento em Perus não invalida a permanência do atual, na zona oeste da cidade.

DESENHO

 

Os produtores favoráveis à mudança ainda não dispõem de um projeto executivo para o terreno que já foi adquirido em Perus, às margens da rodovia dos Bandeirantes.

 

No entanto, contrataram do escritório de arquitetura Marcos & Farina um plano de viabilidade –ao qual a Folha teve acesso– que aponta para a construção de 2,2 milhões de m² de área útil, superior à do parque Ibirapuera.

 

O coração do novo empreendimento seria uma área de 630 mil m² voltada à negociação de frutas, vegetais e hortaliças. Cercada por uma via circular de 3,5 km de extensão, a área poderá comportar até um shopping, segundo seus idealizadores.

 

Também se estuda a construção de uma passarela para que os visitantes possam ter uma visão aérea dos estandes dos comerciantes.

 

Ao lado da área principal está previsto o setor turístico. A intenção é receber restaurantes tais como os do Mercadão do centro de São Paulo.

 

Em outro ponto do terreno, a proposta é a construção de uma nova parada de trem na linha 7-rubi, da CPTM, entre as estações Perus e Caieiras. A nova estação teria como objetivo levar os 30 mil trabalhadores estimados no local.

 

Outra função seria a de servir como rota de escoamento ferroviário das mercadorias até o porto de Santos. Uma área anexa serviria ainda de grandes armazéns, para dar vazão às vendas no atacado.

 

No lado oposto à rodovia dos Bandeirantes, haverá espaço para abrigar produtores de cereais e peixes.

 

Outras propostas são a criação de área com serviços para caminhoneiros e uma cooperativa, voltada para reaproveitar sobras de mercadorias negociadas no entreposto.

 

Grupo propõe revitalizar terreno entre Ceagesp e parque na Vila Leopoldina

 

Fonte: Folha, 03 ago. 2016

 

A Prefeitura de São Paulo anunciou nesta terça-feira (2) a intenção de um grupo de investidores de revitalizar uma área privada na Vila Leopoldina, entre o terreno da Ceagesp e o parque Villa-Lobos, na zona oeste da cidade.

 

A proposta é que uma parceria entre a Votorantim, a SDI Desenvolvimentos Imobiliários, a BV Empreendimentos e a Urbem (Instituto de Urbanismo e Estudos pela Metrópole) crie um “novo bairro” de uso múltiplo na área de cerca de 110 mil metros quadrados.

 

A área de interesse abriga hoje prédios industriais em processo de desativação. A própria Votorantim é dona de 30 mil metros quadrados do terreno.

 

A prefeitura deverá nos próximos quatro meses analisar as propostas do grupo de investidores. Após esse período, o projeto será levado à consulta pública.

 

Os investidores poderão explorar diferente tipos de empreendimentos no local, desde que se comprometam a cumprir certas diretrizes urbanísticas da prefeitura, como a construção de moradia social.

 

Segundo a legislação municipal, pelo menos 10% do terreno será voltado à moradia de famílias de baixa renda.

 

A ideia é que essas casas sejam destinadas a famílias que atualmente vivem na região, como a favela da Linha e a favela do Nove.

 

Como contrapartida, os investidores conseguirão ter mais flexibilidade com as regras de uso de solo e tamanho de seus prédios construídos, por exemplo.

 

 

Mercado Imobiliário 27/07/2016


‘Imóveis de entrada’ são campeões de venda em SP, segundo pesquisa

 

Os chamados “imóveis de entrada”, projetados para quem quer comprar o primeiro apartamento, estão movimentando o mercado imobiliário nos últimos meses.

 

Fonte: Folha de São Paulo, 24 jul. 2016

 

Pesquisa do Secovi-SP (sindicato do setor) mostra que as unidades voltadas para esse público foram campeãs tanto em número de lançamentos quanto em volume de vendas em maio – foram 809 lançamentos e 741 unidades de um ou dois dormitórios vendidas (cerca de 70% no total, em ambos os casos).

 

Em geral, esse é o perfil do “imóvel de entrada”: compacto, com até 70 metros quadrados, e preço máximo de R$ 450 mil, segundo Celso Amaral, diretor da Amaral d’Ávila Engenharia de Avaliações e da consultoria imobiliária Geoimovel.

 

Mudanças demográficas explicam a preferência por esse tipo de empreendimento, de acordo com Alexandre Lafer Frankel, presidente da Vitacon. A incorporadora investe em prédios de microapartamentos – caso do VN Alvorada, na Vila Olímpia (zona oeste de SP), com estúdios de 25 m² vendidos a R$ 299 mil.

 

“Há um aumento no número de solteiros, porque os jovens estão se casando mais tarde. Além disso, as famílias têm diminuído”, afirma.

 

Perto de tudo, bom e barato

 

O advogado Marco Aurélio Betoni, 26, gosta de andar de bicicleta e tem um carro. Ele acabou de trocar um apartamento de 230 m² no Campo Belo (zona sul), onde morava com os pais, por um imóvel de um quarto e 45 m² na Vila Olímpia. O prédio tem uma vaga de garagem e fica próximo de uma ciclovia.

 

“Queria sair de casa, já estava na hora, e vou ficar mais perto do meu trabalho”, diz.

 

A localização é um elemento central para os empreendimentos desenhados para serem o primeiro imóvel. Em geral, as construtoras privilegiam regiões centrais, próximas de redes de transporte ou vias de acesso rápido.

 

A You,Inc., por exemplo, ergue seus prédios de “imóveis de entrada” na borda de linhas do Metrô. Próximo da estação Santa Cruz, na zona sul, o You,Prime terá apartamentos de dois e três quartos, com plantas de 47 m² a 68 m².

 

“Os compradores são pessoas que cresceram na Vila Mariana e querem sair da casa dos pais, mas continuar no bairro”, diz Felipe Coelho,

 

Outra exigência desse público são prédios com muitas opções de lazer e a oferta de serviços do tipo “pay-per-use”, como lavanderia.

 

“Com apartamentos menores, o morador busca mais ambientes na área comum, como espaços de coworking e salão de festas”, afirma Frankel. “Em uma cidade como São Paulo, é prático não precisar se locomover tanto. Ter uma academia no prédio, por exemplo, facilita.”

 

Todas essas demandas devem ser conciliadas com preços atrativos e boas condições de pagamento.

 

“Para esse público, é fundamental que o empreendimento, apesar do lazer e da segurança, tenha também custo mais acessível”, afirma Rodrigo Pereira, gestor executivo comercial da construtora MRV em São Paulo.

 

Com foco na classe C, a empresa se afastou das regiões centrais em busca de terrenos mais baratos -mas diz não abrir mão de lugares próximos a vias de acesso, com áreas comerciais e shoppings.

 

Segundo Pereira, para estimular esse público a empresa adota facilidades como o parcelamento da entrada em 24 a 36 vezes. A Vitacon aceita até carro como parte do pagamento.

 

É preciso abrir mão de espaço e localização na busca do 1º imóvel

 

O primeiro desafio para o jovem que deseja sair da casa dos pais e achar um imóvel é baixar as expectativas, já que é complicado conciliar boa localização, espaço, preço acessível e privacidade.

Para quem vai morar só pela primeira vez, o mais comum é ter de abrir mão de uma das coisas – até de morar realmente sozinho.

 

A estudante Letícia Dienes, 23, vai dividir apartamento com duas amigas. Há poucas semanas, ela saiu de Guarulhos para a Bela Vista, na região central de São Paulo.

 

O principal motivo da mudança foi a distância em relação à faculdade, na Consolação (centro), e ao estágio, em Pinheiros (oeste). Pegava metrô e oito ônibus todo dia.

 

Por R$ 1.400 mensais, a estudante alugou com as amigas uma quitinete de 40 m² a poucos metros da estação Paulista do Metrô. A localização foi a prioridade, em detrimento do espaço. “Morar no centro é bom.”

 

De acordo com levantamento feito pelo DataZap para a Folha, o bairro escolhido por Dienes foi o campeão de buscas feitas por jovens no portal Zap Imóveis representando 8% do total de acessos em junho. Em segundo lugar, nessa mesma faixa etária de 25 a 34 anos, apareceram as pesquisas com Vila Mariana (sul) e Mooca (leste), com 4% dos acessos cada um.

 

Outra pesquisa, realizada em 2015 pelo portal VivaReal, mostrou que 80% dos usuários entrevistados, entre 18 e 35 anos, preferem imóveis próximos de centros comerciais a viver em lugares mais tranquilos.

Morar em bairros mais centrais, contudo, custa caro e pesa no bolso dos jovens. Por isso, imóveis menores são uma alternativa.

 

Segundo a pesquisa do DataZap, imóveis com um quarto foram os mais buscados pelos jovens em junho (55%), seguidos por aqueles com dois dormitórios (36%).

 

m busca de privacidade, o gerente de banco Rodrigo Arboés, 27, abriu mão de espaço. Mudou-se há três meses para uma quitinete de 25 m² no Cambuci (centro). Antes, morava na Vila Mariana (sul) com os pais. “Sou pai solteiro, queria meu espaço. Pago R$ 850 por mês para morar ao lado do parque da Aclimação.”

 

Novos horizontes

 

Se o espaço for um dos quesitos mais importantes na hora da seleção, é preciso ampliar o horizonte de busca para além de Jardins, Pinheiros e Vila Madalena. É possível encontrar boas opções em lugares próximos, sem abrir mão de infraestrutura, com preços mais acessíveis.

 

Os bairros de Santana e Tucuruvi, na zona norte, por exemplo, oferecem valores mais baratos de locação do que outros próximos e mais centrais, como Bela Vista.

 

Enquanto neste último o valor do m² para locação, no caso de um quarto, pode custar até R$ 27,33, nos outros, é de cerca de R$ 22.

 

Na zona sul, Jabaquara e Ipiranga podem ser alternativas ao bairro de Vila Mariana onde a locação de imóveis de um quarto pode sair R$ 10 mais caro por m².

 

Há opções na zona leste, como Tatuapé e Mooca, e na zona oeste, como Butantã e Vila Leopoldina. Esta última foi escolhida pela publicitária Isabella Freihat, 24, que em dezembro alugou um dúplex no mesmo bairro onde vivia antes, com o pai.

 

O objetivo da mudança era ter independência. Na busca, o critério mais importante foi o valor do imóvel: paga por mês R$ 2.200.

 

A familiaridade com a região também pesou. “Não tem localização perfeita, não posso ir trabalhar a pé, mas é perto da minha família, onde cresci, conheço tudo.”

 

Eduardo Schaeffer, do Zap, destaca que é comum os jovens preferirem continuar nos bairros em que viveram.

 

Burocracia

 

O compartilhamento de um imóvel, além de permitir o conforto de uma área maior, pode reduzir o desgaste com documentação.

 

Esse é o objetivo do estudante Guilherme Camilo, 21, morador de Varginha (MG), que busca imóvel em São Paulo. ”

 

Quero dividir um apartamento com uma ou duas pessoas. De preferência, com alguém que já esteja oferecendo uma vaga, porque a burocracia para quem pretende alugar sozinho é surreal, como arranjar um fiador e fazer depósito antecipado.”

 

Mercado tem pior momento desde 2004, indica Radar Abrainc­Fipe

 

Fonte: Valor, 27 jul. 2016

 

O mercado imobiliário brasileiro passa pelo seu pior momento desde 2004, ano que marca o início da base de dados do Radar Abrainc­Fipe, estudo lançado ontem. Cinco dos 12 indicadores que compõem o estudo ­ atividade, massa salarial, condições de financiamento, preço dos imóveis e emprego ­ tiveram nota zero, no acumulado de janeiro a maio, o que demonstra essa pior situação da série histórica.

 

O diretor da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz Fernando Moura, disse esperar situação mais favorável para o setor em 2017. A expectativa depende, segundo ele, “se vai haver uma decisão em relação ao governo e medidas que mexem com a economia”. “É improvável que haja grandes mudanças em 2016, mas pequenas mudanças começam a ocorrer, como a melhora da confiança”, afirmou. Segundo o representante da Abrainc, “talvez, o momento seja uma janela de oportunidade para quem quer comprar imóveis”.

 

Calculado pela Abrainc e pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o levantamento tem pontuação de zero a dez, conforme as condições de cada indicador. O estudo combina quatro dimensões ­ ambiente macro, crédito imobiliário, demanda e ambiente setorial ­, cada uma com três indicadores.

 

“Fizemos um esforço grande de colocar variáveis diferentes no mesmo gráfico. Desenvolvemos metodologia própria para mapear indicadores”, disse o economista da Fipe, Eduardo Zylberstajn. O estudo utiliza fontes públicas de dados, como Banco Central do Brasil (Bacen) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

De 2005 a 2014, por exemplo, cita Zylberstajn, é possível observar, a partir do levantamento, melhora das variáveis que refletem a demanda por imóveis. “O ambiente macro teve pequena melhora, recentemente, mas ainda está próximo do pior momento”, acrescenta o economista.

 

O Radar Abrainc­Fipe apontou nota global para os cinco primeiros meses 2016 de 2,5 pontos, o que representa queda de 1,5 ponto ante a média do ano passado. Houve queda nas quatro dimensões avaliadas. Considerando­se os indicadores, oito caíram e quatro aumentaram nessa base de comparação. Os indicadores são elaborados a partir de séries dessazonalizadas.

 

A dimensão ambiente do setor teve redução de 0,5 ponto, para 4,5 pontos até maio de 2016. Essa dimensão abrange preço dos imóveis, lançamentos e insumos. O ambiente macro ­ que inclui confiança, atividade e juros ­ obteve nota de um ponto, com retração de 1,2 ponto. Houve queda de 1,5 ponto na dimensão crédito imobiliário ­ condições de financiamento, concessões reais e atratividade do financiamento imobiliário ­, para 2,7 pontos, e queda de 2,8 pontos na demanda ­ que inclui atratividade do investimento imobiliário, massa salarial e emprego ­, para 1,5 ponto.

 

Em maio, a média dos indicadores foi de 2,2 pontos, o que representa queda de 0,6 ponto em relação à nota de 2,8 pontos de dezembro de 2015.

 

A pontuação para a dimensão ambiente do setor foi de 4,6, patamar semelhante ao de dezembro. A dimensão demanda obteve 1,2 ponto, o que representa redução de 0,9 ponto. Para o ambiente macro, a pontuação também ficou em 1,2 ponto e teve elevação de 0,4 ponto. Já a dimensão crédito imobiliário teve nota de 2 pontos, com queda de 1,6 ponto em relação ao último mês do ano passado.

 

Metade dos 12 indicadores que compõem o Radar Abrainc­Fipe apresentaram situação pior em maio deste ano do que em dezembro de 2015. A maior redução foi registrada no indicador atratividade do financiamento imobiliário, com variação negativa de 4,2 pontos. Houve piora também nos indicadores de atividade, massa salarial, condições de financiamento, preço dos imóveis e emprego.

 

Em relação aos indicadores que apresentaram melhora ­ juros, atratividade do investimento imobiliário, lançamentos, concessões reais, insumos e confiança ­, o economista da Fipe ressaltou que se trata dos chamados indicadores antecedentes, ou seja, que vêm antes de Produto Interno Bruto (PIB), renda e emprego.

 

Distratos derrubam vendas da EZTec

 

Fonte: Valor, 27 jul. 2016

 

Volumes de distratos superiores às médias históricas da EZTec fizeram com que as vendas contratadas da companhia tivessem forte queda no segundo trimestre e no primeiro semestre nas respectivas comparações anuais. As rescisões são fruto de volume expressivo de entregas de empreendimentos nos últimos trimestres, em decorrência dos maiores volumes de lançamentos da EZTec, de 2011 até o primeiro semestre de 2013.

 

No trimestre, as vendas líquidas da EZTec caíram 78%, para R$ 29 milhões e, no semestre, tiveram queda de 83%, para R$ 53 milhões. De janeiro a junho, 41% dos distratos foram referentes a lançamentos até 2012, 37% foram da safra de 2013, 19% são projetos apresentados em 2014 e 3% dizem respeito a produtos lançados em 2015.

 

“As vendas brutas caíram em relação ao passado, mas estão acontecendo. Desde o quarto trimestre, houve incremento dos distratos, mas a sensação é que o pior momento dos distratos já aconteceu”, diz o diretor financeiro e de relações com

investidores, Emilio Fugazza. Isso porque já houve a maior parte das entregas.

 

Os lançamentos da EZTec caíram 27% no segundo trimestre, para R$ 91 milhões. No primeiro semestre, a incorporadora lançou R$ 143 milhões, com queda também de 27% na comparação anual.

 

Juntas, Cyrela, Direcional Engenharia, Even Construtora e Incorporadora, EZTec, Gafisa, MRV Engenharia e Rodobens Negócios Imobiliários lançaram R$ 4,756 bilhões, Valor Geral de Vendas (VGV), 1,7% abaixo dos R$ 4,837 bilhões de janeiro a junho do ano passado. As vendas líquidas tiveram queda de 15%, para R$ 4,495,32 bilhões.

 

Banco privado toma espaço da Caixa em habitação

 

Fonte: Valor, 27 jul. 2016

 

A queda de quase 50% nos desembolsos de financiamento habitacional nos primeiros seis meses deste ano poderia ter sido ainda maior. Embora os bancos de uma forma geral tenham reduzido o volume de operações no segmento, as instituições financeiras privadas mostraram percentuais de queda em seus desembolsos inferiores ao tombo da Caixa Econômica Federal, principal agente da modalidade.

 

Dados obtidos com exclusividade pelo Valor mostram que, no acumulado do ano até maio, a Caixa havia desembolsado R$ 4,53 bilhões em financiamentos habitacionais com recursos da poupança, considerando tanto crédito para aquisição quanto construção de imóveis. A cifra é 72% menor que a concedida em igual período do ano passado (R$ 16,2 bilhões). Com esse desempenho, a Caixa passou de uma fatia de 43,8% do mercado, nos cinco primeiros meses de 2015, para 25,7% neste ano.

 

Os bancos privados também reduziram seus desembolsos de financiamento habitacional, mas em menor medida que a Caixa. Portanto, ganharam espaço de mercado. O Bradesco foi o que menos caiu. O banco da Cidade de Deus emprestou R$ 4,7 bilhões neste ano, até maio, em comparação a R$ 5,3 bilhões no ano passado, queda de 10,5%. Com o desempenho, a fatia de mercado do banco cresceu de 14,2% para 26,7%. No crédito para compra de imóveis, o banco conseguiu cair apenas 2,2%.

 

No Itaú Unibanco, os desembolsos encolheram 37,8% no período, para R$ 3,5 bilhões. O banco saiu de 15,1% de “market share” para 19,7%. Já no Santander, a queda foi mais pronunciada, de 49,4%, para R$ 4,86 bilhões. Mesmo assim, o banco ganhou algum mercado, indo de 13,1% para 13,9%.

O Banco do Brasil teve uma queda mais expressiva em seu desempenho, mas ainda assim menor que a da Caixa. O volume financiado pelo banco caiu 59%, para R$ 3,77 bilhões, o que reduziu sua participação de mercado de 10,2% para 8,8%. O BB reduziu sua atuação principalmente no financiamento à construção de novos imóveis, segmento em que sua fatia de mercado caiu de 30,4% no ano passado para 19,5% em 2016.

 

Os números de market share são da Abecip, associação das empresas do setor, mas não são públicos. Os dados dizem respeito aos financiamentos com recursos da poupança e de instrumentos de mercado (o universo do SBPE), o que exclui as operações com funding do FGTS, como as do Minha Casa, Minha Vida e de linhas pró­cotista.

 

Ontem, a Abecip apresentou um balanço das operações de crédito imobiliário no primeiro semestre. Os desembolsos de financiamento habitacional com recursos da poupança caíram 49,5% no primeiro semestre, para R$ 22,6 bilhões. Apenas em junho, foram desembolsados R$ 4,3 bilhões, com queda de 27,3%. A associação espera que o segmento encerre o ano com desembolsos da ordem de R$ 50 bilhões, o que representa redução de 34% ante o resultado de 2015. Em janeiro, a Abecip trabalhava com um cenário um pouco mais otimista e esperava concessões da ordem de R$ 60 bilhões. Já os desembolsos de crédito imobiliário com recursos do FGTS, voltados para habitação popular, somaram R$ 27,6 bilhões no semestre, um crescimento de 1,3% na comparação com igual período de 2015. Caixa e BB dominam esse segmento.

 

“O mercado imobiliário atingiu o fundo do poço e deve ressurgir. Não deve ressurgir forte em 2016, mas, se houver queda de juros, 2017 pode ter uma recuperação de volumes em relação a 2016”, afirma o presidente da Abecip, Gilberto Abreu, a jornalistas. “O mercado está mudando o mix, produzindo muito mais habitações populares do que de classe média.” Boa parte da explicação para a queda no financiamento imobiliário está na poupança. Com saída recorde de recursos, a aplicação acaba limitando o quanto os bancos podem emprestar. Ao longo do último ano e meio, foram sacados R$ 84,8 bilhões da caderneta. A queda na confiança de consumidores e empresas também influi nesse desempenho, assim como custos de captação elevados, que levaram a maiores taxas de juros.

 

Há, porém, alguns sinais de retomada. A própria Caixa, desde segunda­feira, adotou condições melhores para financiamentos de alta renda. “A Caixa deve voltar a ser mais atuante no segundo semestre, fazendo com que o setor gire mais no período”, disse Abreu. “Com as taxas de juros futuros em queda, cresce a disponibilidade de recursos para financiar imóveis.”

 

Mercado Imobiliário 19/07/2016


Construtoras lançam imóveis de olho na demanda que virá depois de 2018

 

Fonte: DCI, 15 jul. 2016

 

Partindo do princípio de que o pior da crise já passou, construtoras começam a ensaiar um movimento de retorno dos lançamentos de empreendimentos. A estratégia, para economistas e empresários, é uma saída inteligente, já que o imóvel só será entregue quando, se tudo der certo, a economia voltar a crescer.

 

“A estratégia é muito assertiva. Hoje, além da desconfiança com a economia, o que impede o brasileiro de comprar imóvel é o juro do banco. No entanto, comprando um lançamento agora, o consumidor terá que se comprometer com o banco daqui a três anos, quando o imóvel for entregue. Até lá, a tendência é de melhora de toda a economia”, resume o professor de macroeconomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Jonas Frederico da Costa, especialista em mercado imobiliário e consultor.

 

A visão do acadêmico vem em linha com a estratégia de muitos empresários. Na Terrasse Engenharia, por exemplo, o diretor da empresa, Osmar Nobolu Kassuia, garante que o momento é bom para lançar e colher frutos futuros. “Estamos focando no longo prazo, para daqui a dois ou três anos, quando esperamos que a economia tenha retornado à normalidade”.

 

A empresa anunciou um plano agressivo, com lançamento de cinco empreendimentos em Curitiba até o primeiro semestre do ano que vem. Os lançamentos vão contabilizar um Volume Geral de Vendas (VGV) de R$ 170 milhões.

 

Segundo o executivo, em um cenário em que as construtoras estão pisando no freio, quem tiver ativos prontos para quando a economia voltar a crescer terá vantagens. “Optamos por investir, nos preparando para um ciclo virtuoso que deve começar nos próximos anos”, disse ele, lembrando que três deles serão lançados ainda este ano.

 

Facilidades e oportunidades – A lógica de lançar agora, lembram Costa e Kassuia, também está atrelada a maior facilidade do comprador de pagar a entrada. “Hoje as pessoas não têm dinheiro guardado e, se têm, não está arriscando. A vantagem de comprar um imóvel na planta é que você tem dois anos para parcelar a entrada”, comenta o professor.

 

A estratégia da Terrasse parece ter sido adotada por outras construtoras. Segundo o indicador da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), divulgado ontem, em maio foram lançadas 5,6 mil unidades, um aumento de 218% na comparação anual. “O humor já está diferente, pois vemos que a inflação está mais contida e a balança comercial dá sinais positivos”, aponta o diretor da Abrainc, Luiz Fernando Moura.

 

Apesar da boa sinalização, Renato Ventura, vice-presidente executivo da entidade, ressalta que ainda é cedo para apostar em retomada do setor. “O desempenho do mercado imobiliário precisa ser analisado por um período maior. Desta forma, os números indicam um aumento pontual”, completa o executivo.

 

No acumulado de 2016 (até maio), os lançamentos totalizaram 21.406 unidades, número 24,7% superior ao observado no mesmo período de 2015. Considerando os últimos 12 meses, o total lançado de 68.270 unidades representa alta de 5,5% face ao observado no período precedente.

 

Apesar da alta nos lançamentos, as vendas alcançaram 8.496 unidades, recuo de 4,1% em relação ao mês de maio de 2015. No acumulado de 2016, as unidades vendidas somaram 39.472, queda de 14,7% frente ao observado no mesmo período do ano anterior. Nos últimos 12 meses, foram vendidas 105.408 unidades, volume 13,6% inferior se comparado ao total de vendas em 2015.

 

Já os cancelamentos de vendas (distratos) subiram 1% na comparação anual, e recuaram 3,1% no ano. No fim de maio, o estoque no mercado era de 114,8 mil unidades, equivalente a 14 meses de vendas. Em abril, o estoque era de 113 mil unidades e em maio de 2015, de 108 mil.

 

Aluguel – Para além da compra de imóveis, o valor da locação no Brasil também tem movimentado o setor. Ontem o Índice FipeZap apontou que, no primeiro semestre, o valor cobrado no metro quadrado para aluguel recuo 1,78%. Nos últimos doze meses a retração chega a 5,2%. Levando em consideração a inflação medida pelo IPCA nos últimos 12 meses (8,84%), o Índice apresentou uma queda real de 12,93%. Todas as cidades monitoradas pelo Índice mostraram resultados inferiores à inflação no período, sendo Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Porto Alegre, Santos, Distrito Federal e Campinas tiveram quedas nominais no preço médio de locação.

 

Faixas 2 e 3 do MCMV atraem mais incorporadoras e ampliam concorrência

 

Fonte: A Tarde, 17 jul. 2016

 

A concorrência entre as empresas de construção que atuam dentro das faixas 2 e 3 do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) – imóveis destinados a famílias com renda até R$ 3,6 mil e R$ 6,5 mil, respectivamente – tende a crescer gradativamente nos próximos meses, com mais incorporadoras se movimentando para lançar empreendimentos nessas faixas. Dois exemplos dessa nova realidade são Cury e Direcional, que atuavam tradicionalmente na faixa 1 do programa habitacional, mas mudaram de estratégia em meio à escassez de recursos para esse segmento.

 

O motivo para migração está na resiliência na oferta de crédito para produção e comercialização de imóveis destinados ao público das faixas 2 e 3 do Minha Casa Minha Vida, enquanto outros segmentos do mercado sofrem com escassez de recursos. Com a crise econômica e o corte de gastos públicos, o governo federal paralisou as contratações na faixa 1 (famílias com renda até R$ 1,8 mil), uma vez que as unidades são financiadas em até 90% por subsídios do Tesouro Nacional. Já as faixas 2 e 3 contam, majoritariamente, com dinheiro do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que ainda têm recursos disponíveis para financiar o setor.

 

A Cury Construtora busca neste ano consolidar a migração de suas operações para as faixas 2 e 3. A companhia estima lançamentos que totalizarão R$ 700 milhões em valor geral de vendas (VGV) neste ano, alta de 47% em relação ao ano passado. Ao todo, estão previstos 10 projetos, dos quais nove enquadrados nas faixas 2 e 3.

 

“O crédito bancário está mais moroso devido ao cenário adverso em todo o País. Mas não podemos reclamar. Não tivemos nenhum projeto recusado pelo banco”, conta Fábio Cury, presidente da construtora. “Eu acredito que as contratações dentro do MCMV vão continuar rodando enquanto o FGTS continuar saudável”, complementa.

 

O mesmo movimento de migração está sendo realizado pela Direcional, que atuava na faixa 1 do MCMV e também nos segmentos imobiliários de médio padrão fora do programa. Diante do cenário ruim nessas outras áreas, passou a ajustar o foco dos negócios. Os lançamentos da incorporadora totalizaram R$ 200 milhões em VGV no segundo trimestre, crescimento de 15% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. No período, foram lançados quatro empreendimentos, todos enquadrados nas faixas 2 e 3, conforme relatório divulgado nesta semana. A Direcional também comprou seis terrenos voltados para as mesmas faixas do programa. Nesses lotes, há potencial de lançar 3.664 unidades, ou um VGV de R$ 629 milhões, segundo a empresa.

 

“A forte elevação dos lançamentos nas faixas 2 e 3 do MCMV deve ser bem recebida pelo mercado. Dados os expressivos níveis de demanda nesses segmentos, estamos confiantes de que as vendas da Direcional no terceiro trimestre serão muito maiores”, descreveu o analista Gustavo Cambaúva, em relatório do BTG Pactual.

 

MRV e Tenda – Enquanto novas concorrentes ingressam no segmento, as empresas tradicionais nessa área pretendem reforçar os lançamentos para se proteger contra a concorrência. A MRV Engenharia busca lançar ainda neste ano o maior projeto já realizado pela incorporadora. O empreendimento, batizado de Grand Reserva Paulista, contará com 25 torres em um terreno de 180 mil metros quadrados em Pirituba, zona norte da cidade de São Paulo. Ali serão lançadas, em etapas, 7,5 mil unidades, com um VGV de R$ 1,5 bilhão – tudo enquadrado nas faixas 2 e 3 do MCMV. “Apesar da crise, nós continuamos tendo uma procura muito grande neste ano. A demanda por imóveis continua forte”, observa o copresidente da MRV, Eduardo Fischer.

 

Segundo o executivo, a procura por terrenos para esse tipo de produto já mostrou aquecimento em relação aos anos anteriores, quando muitas incorporadoras davam preferência aos empreendimentos de média e alta renda, com margens maiores. Agora, a concorrência está maior, conta Fischer.

 

Outra empresa com grande escala no setor é a Tenda, subsidiária da Gafisa, com atuação focada na faixa 2. Segundo o diretor financeiro, Felipe Cohen, há espaço para aumentar as operações de forma orgânica, isto é, ampliando o número de lançamentos nas praças em que a companhia já atua. No primeiro trimestre, porém, os lançamentos foram de R$ 228,5 milhões, queda de 4% em relação ao mesmo período do ano passado. A justificativa para a queda é de que alguns lançamentos acabaram postergados devido à morosidade na concessão de crédito por parte dos bancos. “O segundo trimestre já será mais forte”, estima Cohen.

 

Uma preocupação dos empresários do setor ao longo dos últimos meses era a falta de clareza sobre o futuro do MCMV após as mudanças no governo federal. As dúvidas ainda não foram totalmente afastadas, mas a última declaração do novo ministro das Cidades, Bruno Araújo, ajudou a diluir os receios. O ministro afirmou em junho que a pasta pretende contratar 1,2 milhão de unidades nas faixas 2 e 3 do programa habitacional até 2018. Desse montante, 400 mil contratações devem ocorrer ainda neste ano, sendo que 200 mil já haviam sido realizadas até a metade do ano.

 

Área construída tem queda de 11% até junho, apontam consultorias

 

Fonte: Valor, 19 jul. 2016

 

A atividade de construção imobiliária medida por metros quadrados erguidos caiu 11,1% no primeiro semestre, ante os seis primeiros meses do ano passado, conforme o Índice da Atividade da Construção Imobiliária (IACI), parceria entre a Neoway Criactive e a Tendências Consultoria.

 

O indicador abrange os segmentos residencial, de escritórios comerciais, hotéis e outros ­ shopping centers, hospitais e escolas ­, e reflete a queda de lançamentos ocorrida nos dois últimos anos, de acordo com a diretora da unidade de negócios da construção da Neoway Criactive, Cristina Della Penna.

 

Se considerada somente a construção das incorporadoras de capital aberto, a retração foi de 9,2% no primeiro semestre, de acordo com o IACI.

 

Por segmento, foi registrada, de janeiro a junho, na comparação anual, queda de 27% no segmento outros, puxada, principalmente por shopping centers. Em hotéis, houve baixa de 19%, no segmento comercial, retração de 15% e, no residencial, recuo de 10%.

 

O IACI apontou redução de 13% na metragem erguida nos padrões médio, médio­alto e alto e queda de 7% na construção para a média­baixa renda e no segmento de habitação de interesse social (HSI).

 

No caso de lançamentos imobiliários, a pesquisa abrange o período de janeiro a abril e aponta retração de 49,1% em relação aos quatro primeiros meses de 2015 em metros quadrados. A maior queda foi no segmento hoteleiro (87%), seguida pelo comercial (62%) e pelo residencial (47%). Em número de unidades, o segmento residencial apresentou retração de 42,8%, de acordo com o levantamento.

 

A MRV Engenharia foi a maior construtora do país, no primeiro semestre, com 1,052 milhão de metros quadrados erguidos, de acordo com a Neoway Criactive.

 

A segunda colocação ficou com a Odebrecht Realizações Imobiliárias (256,494 mil metros quadrados), e a terceira, com a Direcional Engenharia (241,21 mil metros quadrados).

 

A Construtora Tenda respondeu pelo quarto lugar, com 164,465 mil metros quadrados, e a Even Construtora e Incorporadora, pela quinta colocação, com 158.072 metros quadrados.

 

Mercado Imobiliário 12/07/2016


Prédios mudam áreas comuns para valorizar apartamentos

 

Dar vida a espaços pouco utilizados e aumentar o valor de cada unidade são os principais motivos que levam condomínios a mudarem os usos da área comum.

 

Fonte: Folha de São Paulo, 10 jul. 2016

 

No Condomínio Edifício Prince of Kronberg, em Moema (zona sul de São Paulo), o plano inicial era reformular apenas o salão de festas. No fim, o projeto incluiu, entre outros itens, a construção de um elevador para pessoas com deficiência e a criação de um espaço zen.

 

A brinquedoteca foi transferida para um antigo depósito subaproveitado para ampliar a academia, que ganhou novos equipamentos.

 

A reforma, aprovada por unanimidade, durou 16 meses. Com um investimento de R$ 12 mil de cada um dos 44 apartamentos, o condomínio de 20 anos viu cada unidade valorizar cerca de R$ 150 mil. Com 150 metros quadrados, hoje são avaliadas em aproximadamente R$ 1,8 milhão.

 

Os moradores do Dandy Residence, na Vila Olímpia (zona oeste), também investiram na academia. Um “quarto da bagunça” de 20 m², sem utilidade, deu lugar a um espaço fitness com oito equipamentos de ginástica, TV e ar-condicionado.

 

O prédio, de 26 anos, conseguiu juntar cerca de R$ 66 mil -R$ 3.000 de cada um dos 22 apartamentos durante um ano- para reformas gerais. Mexeram em itens como sistema de segurança e estacionamento para visitantes.

 

“No início, metade dos moradores era contra fazer a academia com a verba que sobrou, dizia que era bobagem”, conta Rogério Reyes Bruno, 51, economista e síndico.

 

“Hoje, os moradores reconhecem o ‘upgrade’ e o local virou um espaço de convivência e uso frequente”, diz Eder Pascoal Besson, 51, engenheiro civil e subsíndico.

 

A reforma levou 60 dias e custou cerca de R$ 33 mil, incluindo os equipamentos. Com o estacionamento externo e o espaço fitness, Bruno e Besson calculam que cada apartamento valorizou mais de R$ 200 mil -hoje, custam em torno de R$ 1,75 milhão.

 

“Condomínios mais antigos precisam competir com empreendimentos novos muito bem equipados. Mesmo com boa localização, a área comum obsoleta pode fazer com que perca valor de mercado”, diz Ana Cristina Tavares, da KTA Arquitetura.

 

GASTOS

 

A prática mais comum para levantar dinheiro para reformas é o rateio extra, mas também é possível usar o fundo de reserva, se ele existir e a assembleia liberar, ou até o dinheiro de caixa, se a intervenção for mais simples.

 

Obras menos complexas também dispensam aprovação da prefeitura. Segundo Rubens Carmo Elias Filho, da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de SP, ela só é necessária quando houver alteração substancial e impacto sobre áreas a serem construídas -por exemplo, transformar uma quadra aberta em um ginásio coberto.

 

Não há consenso entre os especialistas sobre a maioria necessária em assembleia para aprovar alterações na área comum do condomínio.

 

“Dependendo da alteração, dá para fazer por maioria simples, por exemplo, quando for área que comprovadamente as pessoas não usam ou que está abandonada, quando não se tratar de obra grande e ela for reversível e se não houver investimentos de grande porte”, diz Marcio Rachkorsky, advogado e colunista da Folha.

 

Ele recomenda que o síndico faça pesquisa de opinião antes de propor as alterações.

 

Odebrecht cresce em 2015, mas com prejuízo

 

Fonte: Valor, 12 jul. 2016

 

O efeito da Operação Lava­Jato sobre o grupo Odebrecht mal se vê no resultado consolidado do grupo em 2015, que tanto demorou a ser divulgado. Explica pouco do prejuízo de R$ 297,7 milhões do ano passado, causado em sua maior parte pelo efeito negativo da alta do dólar sobre as dívidas internacionais.

 

A receita líquida consolidada do grupo subiu de R$ 95 bilhões para R$ 124 bilhões. O lucro operacional, antes do financeiro, cresceu mais de 35% e ficou em R$ 13,65 bilhões.

 

Sobre a linha final, pesou mesmo a dívida de mais de uma centena de bilhão. O grupo Odebrecht fechou dezembro com R$ 110 bilhões em dívida bruta, para R$ 25 bilhões em caixa. Em 2014, o total bruto devido era de R$ 88 bilhões.

 

O desempenho operacional superior reflete, principalmente, a melhoria no balanço da controlada petroquímica, a Braskem, e também o foco internacional no setor de construção, que trouxe receitas em dólares, além da maturação de alguns projetos da Odebrecht Transport.

 

É só nas letras miúdas das notas explicativas e na ressalva do auditor independentemente, a PricewaterhouseCoopers (PwC), que estão as pistas sobre as consequências da prisão de Marcelo Odebrecht, neto do fundador, acionista e ex-presidente da organização. O empresário está preso há mais de um ano. A crise de credibilidade, que atingiu a empresa em cheio num momento de retração da economia, dava sinais de que se transformaria em “desafio” de liquidez ao longo deste ano de 2016.

 

O registro das “contas a receber” mostrava que alguns clientes arrastavam os pagamentos, fazendo com que o dinheiro levasse mais tempo para chegar no caixa das companhias.

 

O saldo dessa conta subiu de R$ 19 bilhões para mais R$ 31 bilhões, ao fim de 2015. Do total, a Odebrecht Engenharia e Construção respondia por 70% do saldo. A explicação para o aumento mistura o efeito cambial sobre o valor dos contratos e um aumento no prazo concedido aos clientes para o pagamento.

 

O poder público era o maior “devedor”, com R$ 22 bilhões, do total. A linha, porém, não trata apenas do poder público nacional. Quem tem os maiores débitos abertos são os governos nos quais a Odebrecht Engenharia e Construção atua, alguns financiados pelo BNDES.

 

A Odebrecht, em meio ao turbilhão da Lava­Jato, terminava 2015 ciente de que enfrentaria quase R$ 23 bilhões em vencimentos neste ano (mesmo valor de seu saldo em caixa), enquanto os clientes pediam mais prazo, a economia se retraia e os bancos ficavam cada vez mais avessos a fornecer novas linhas.

 

Em seu relatório sobre o balanço, a PwC afirma que as demonstrações refletem de forma apropriada a situação patrimonial e financeira da Odebrecht e de suas controladas.

 

Contudo, a auditoria faz uma ressalva: não sabe como estimar quais serão as consequências da Lava ­Jato sobre o futuro da companhia e suas finanças, incluindo uma possível antecipação dos vencimentos financeiro pelo descumprimento de cláusulas de liquidez do negócio.

 

Boa parte da demora na publicação do balanço da Odebrecht deveu­se à discussão sobre como refletir no resultado os possíveis efeitos da Lava­Jato. Após muito debate, a PwC assinou o balanço mesmo sem que a companhia fizesse uma provisão, uma estimativa para as penas e multas que pode sofrer.

 

A companhia é alvo de uma ação civil pública do Ministério Público Federal (MPF), aberta em março, no valor de R$ 7,3 bilhões. Além disso, em 30 de maio, a Advocacia Geral da União (AGU) abriu outras duas ações, num total de R$ 12 bilhões, contra diversas companhias que atuavam em consórcios, incluindo a Odebrecht.

 

Desde 22 de março, a Odebrecht tornou pública sua atenção de colaborar e buscar um acordo de leniência junto aos órgãos públicos competentes. O acordo, porém, ainda não foi concluído. O tema fica sob sigilo máximo e a companhia não comenta.

 

O desafio pega em cheio as finanças do grupo pois diversas instituições ficam proibidas de fornecer recursos à organização, em função das acusações de improbidade administrativa.

 

O grupo está prestes a concluir a reestruturação da dívida da Odebrecht Agroindustrial, o que tira a espada que estava sobre a holding. Mas o futuro depende da normalização dos pagamentos pelos clientes e dos repasses do BNDES, além do acesso a novas linhas de capital. A leniência, mais uma vez, volta a ser questão mais determinante.

 

O balanço de 2015 mostra que cinco grandes unidades do grupo mostravam excesso no passivo circulante frente aos ativos: Odebrecht Agroindustrial, Óleo e Gás, Transport, o estaleiro Enseada e a Energia. Ou seja, mais a pagar do que a receber.

 

A Odebrecht mantém a aposta na venda de ativos como fonte de liquidez extra para o período de dificuldade. Prevê obter até R$ 12 bilhões até junho de 2017. Logo no início dos comentários sobre 2015 escreve: “a organização se prepara para atravessar os próximos anos com liquidez e endividamento mais adequados ao momento”.

 

Retração do mercado imobiliário castiga projetos do Porto Maravilha

 

Fonte: Valor, 12 jul. 2016

 

Menina dos olhos do prefeito Eduardo Paes, o projeto de reurbanização da zona portuária do Rio de Janeiro ­ o Porto Maravilha ­ está sendo duramente atingido pela retração do mercado imobiliário. A revitalização urbana da área de 5 milhões de metros quadrados prossegue em ritmo acelerado, mas dos 15 empreendimentos imobiliários negociados até agora, quase a metade teve contratos “congelados”, à espera de uma melhora nas condições econômicas.

 

Criado a partir de recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviços (FGTS), o fundo imobiliário responsável por custear a infraestrutura urbana do projeto acumulou rendimento de 2,06% no ano passado, frente uma inflação de 10,67% medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A Caixa Econômica Federal ­ gestora do fundo ­ ressalta que o investimento é de longo prazo e que não houve cancelamento formal de nenhum empreendimento.

 

Na prática, porém, sobram exemplos de projetos paralisados. As Trump Towers ­ conjunto de cinco torres de 150 metros de altura e 38 andares que levaria o nome do bilionário americano ­ não passaram da fase de terraplanagem. Mesmo assim, a possibilidade de Donald Trump sofrer prejuízo é virtualmente zero: o candidato republicano à Presidência da República do seus país não fez qualquer investimento, apenas licenciou sua marca. O projeto de engenharia está

concluído, mas a construção foi adiada por tempo indeterminado justamente por causa da crise econômica, afirma um consultor que prefere não se identificar.

 

Não saiu do papel também o megaempreendimento proposto pela construtora RJZ Cyrella, que pretendia usar a uma área de 450 mil metros quadrados no terreno antigo Gasômetro. O projeto tinha uso misto, incluindo shopping center, prédios residenciais e comerciais e hotéis. Pelo menos desde o início do ano passado a empreiteira estuda o que fazer no terreno. Perguntada sobre o custo estimado do empreendimento, a empresa não respondeu, mas a estimativa de especialistas é de que o valor chegaria a R$ 10 bilhões.

 

O receio de que novos lançamentos engrossem o estoque de imóveis já concluídos sem comprador está diretamente relacionado a números de mercado. Este ano devem ser entregues cerca de 250 mil metros quadrados em prédios comerciais no Rio, sem contar os inaugurados na Barra da Tijuca, região que recebe os maiores investimentos por causa da Olimpíada. É um volume quatro vezes maior do que o total registrado entre 2007 e 2012 ­ os empreendimentos entregues agora começaram a ser construídos antes do avanço da crise.

 

“Não vamos insistir nos prazos porque isso geraria sobreoferta”, reconhece Victor Hugo, técnico da Superintendência Nacional de Fundos de Investimentos Especiais da Caixa Econômica Federal (CEF), referindo­se ao cumprimento dos prazos previstos em contrato para conclusão das obras.

 

Estruturado com recursos do FGTS e gerido pela Caixa, o Fundo de Investimento Imobiliário Porto Maravilha (FIIPM) pagou R$ 3,5 bilhões em 2011 por todo o estoque de Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs), títulos emitidos pela Prefeitura para custear o projeto de revitalização da zona portuária.  Ao adquirir os papéis o fundo assumiu o compromisso de pagar ao longo de 15 anos as despesas relacionadas à reestruturação da área. Orçado em R$ 8 bilhões (em valores de junho de 2011), o projeto inclui, além de obras viárias, a implantação de redes de saneamento, energia e telecomunicações.

 

Para fazer frente aos R$ 8 bilhões em despesas, o fundo aposta na valorização dos Cepacs, que quase triplicaram de preço desde 2011, chegando ao patamar de R$ 1.592,86 no fim do ano passado. Mas, num horizonte de tempo mais curto, a variação foi menor: 5% entre 2014 e 2015, de acordo com as demonstrações financeiras do fundo. Ainda de acordo com o documento, não houve leilões dos Cepacs que compõem a carteira do fundo em 2015 e apenas 38 papéis foram vendidos ao longo do ano.

 

Do estoque inicial de 6,43 milhões de Cepacs em poder do fundo, cerca de dois milhões já foram negociados no mercado. Mas apenas 565,7 mil (8,79% do estoque total) foram efetivamente consumidos em empreendimentos imobiliários. O consumo se dá quando uma incorporadora constrói na região edifícios maiores do que o permitido pela lei de zoneamento urbano. “Cerca de 100 mil Cepacs foram vendidos [a construtoras], em dinheiro, o restante é de participações [do FIIPM] em projetos”, conta Victor Hugo, da Caixa.

 

Em março, a Operação Lava Jato encontrou registro de propina em obra do Porto Maravilha. Segundo relatos feitos por delatores da Carioca Engenharia (Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Jr.), o deputado Eduardo Cunha cobrou R$ 52 milhões para garantir a liberação de verbas do fundo de investimentos do FGTS para o Porto Maravilha.

 

Obras da região ampliam a capacidade viária antes dos Jogos Olímpicos

 

Fonte: Valor, 12 jul. 2016

 

Um dos principais questionamentos enfrentados pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), na campanha que o reelegeu em 2012, era a demolição da Perimetral, um elevado que passava sobre a Zona Portuária. Duvidava­se da necessidade de pôr abaixo uma das mais movimentadas vias da cidade. Paes venceu a disputa no primeiro turno e, ainda antes da Olimpíada, entregará o segundo trecho do Túnel Marcello Alencar. Será o passo final para a conclusão da maior obra viária do Porto Maravilha, investimento de R$ 8 bilhões em obras e serviços de revitalização.

 

A galeria que liga o Aterro do Flamengo à rodoviária tem 3,4 mil metros, está 43 metros abaixo do nível do mar e deve receber mais de 100 mil veículos por dia. Faz parte da Via Expressa, que junto com a Binário do Porto, substitui com folga a capacidade viária da antiga Perimetral, implodida em novembro de 2013.

 

Não haverá tempo para cumprir todas as promessas, entre elas inaugurar o segundo trecho do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) antes dos Jogos. A prefeitura já admite que não concluirá o trecho que chega à estação das barcas antes de agosto. Quem circula pela região percebe que ainda há muito trabalho pela frente. Apenas parte de uma linha, que termina no Aeroporto Santos Dumont foi entregue. A obra enfrentou dificuldades, principalmente com os órgãos de conservação do patrimônio. A primeira parte já está funcionando em caráter experimental.

 

A rede de 28 quilômetros do VLT integraria todos os meios de transporte do Centro e da região portuária, ligando barcas, metrô, trem, ônibus, rodoviária, aeroporto, teleférico, terminal de cruzeiros marítimos e o BRT Transbrasil, que ainda será inaugurado.

 

Desde o ano passado, o calendário de inaugurações no Porto Maravilha é intenso. O Museu do Amanhã, a revitalização da Praça Mauá e o Túnel Rio450 foram as principais entregas. Antes, a prefeitura já havia reformado o Palacete Dom João VI, para abrigar o Museu de Arte do Rio (MAR), e o Cais do Valongo, um dos principais pontos de chegada de escravos no período colonial. O objetivo é criar um passeio público de mais de 1 quilômetro de extensão e 57 mil metros quadrados na zona portuária, trecho que ficava escondido sob a Perimetral. A Orla da Guanabara Prefeito Luiz Paulo Conde ligará o Armazém 8 ao Museu Histórico Nacional em 3,5 quilômetros.

 

CVM nega pedido da Brookfield para sair da Bolsa de Valores

 

Fonte: UOL, 07 jul. 16

 

A Brookfield Incorporações informou nesta quarta-feira (6) que a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) negou o pedido de cancelamento do registro de companhia aberta na categoria “B” da empresa. A companhia não informou os motivos da negativa. Em 2014, a controladora da Brookfield anunciou uma oferta pública de aquisição de ações (OPA) para tirar a incorporadora imobiliária da Bolsa de Valores.

 

Fundos imobiliários voltam à cena

 

Fonte: Jornal do Comércio, 11 jul. 2016

 

Febre entre os investidores em 2012 e 2013, os fundos imobiliários perderam rendimentos nos anos seguintes, na esteira da crise do setor de imóveis. Agora, dão sinais de recuperação. Ao menos é o que mostra o Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários (Ifix), termômetro para balizar o desempenho do produto que vem batendo sucessivas máximas históricas em junho e acumula valorização de 15,7% em 2016. Especialistas alertam, porém, que o momento ruim para aluguel e venda é um alerta para entrar nesse mercado.

 

Aplicar em um fundo desse tipo é como investir no mercado imobiliário. A diferença é que, em vez de comprar um imóvel e aproveitar a renda do aluguel, o investidor adquire apenas uma parte – ou cota – deste bem, a um preço bastante inferior ao valor “cheio”. Da mesma maneira, a rentabilidade mensal será fracionada entre os demais participantes do fundo.

 

O investidor precisa ter em mente que um fundo imobiliário não é renda fixa. Isso porque as cotas do fundo são negociadas na BM&FBovespa e oscilam da mesma maneira que uma ação de uma companhia aberta. Por um lado, o investidor que pretende sair do fundo pode encontrar um comprador disposto a pagar mais do que foi desembolsado lá atrás. Mas, no pior cenário, pode ter de assumir um prejuízo.

 

“A dinâmica do fundo imobiliário é mais próxima do mercado de imóveis. O investidor deve ter em mente que o horizonte do investimento é de mais longo prazo”, afirma Arthur Vieira de Moraes, especialista em  fundos imobiliários.

 

É por essa relação direta com o mercado real de imóveis que o novo ânimo com o produto deve ser contido. As salas comerciais, por exemplo, ainda estão em baixa. Em São Paulo, o valor de locação deste segmento caiu 9,1% nos últimos 12 meses até maio e está 13,4% abaixo do pico, em abril de 2013, segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e o site de classificados Zap.

 

Estrategista da Guide Investimentos, Luiz Gustavo Pereira diz que, apesar da retomada dos fundos na bolsa, ainda não houve melhora significativa na rentabilidade. O alerta vale, principalmente, para quem vê o gráfico acima como indicação de que é hora de entrar neste mercado. “Depois da queda brusca no fim do ano passado e começo de 2016, o índice voltou a subir. Logo, já passou o momento daquele investidor mais especulativo, que procura comprar na baixa e vender na alta”, afirma Eduardo Zahan, gerente de fundos da Rio Bravo.

 

A retomada recente dos fundos imobiliários também é creditada à valorização natural dos ativos negociados em bolsa quando a taxa de juros cai ou há perspectiva de corte no futuro.

 

Hostels ‘chiques’ atraem nova clientela

 

Fonte: Folha de São Paulo, 11 jul. 2016

 

Os “poshtels” – conjunção de “posh” (gíria em inglês para chique) com hostel- têm atraído investidores de olho nos hóspedes que querem a interação e os preços do ambiente de uso coletivo sem ter de abrir mão do conforto dos hotéis.

 

“Oferecemos a experiência descontraída do hostel com um padrão mais elevado, roupa de cama de qualidade, colchões mais confortáveis, ar-condicionado e um bom chuveiro”, diz o consultor Diego Mariz, que abriu o Bee.W Hostel há três anos, na Bela Vista, centro de São Paulo.

Mariz explica que a aposta no hostel boutique foi para se diferenciar da concorrência. Ele e mais três sócios investiram R$ 700 mil, valor já quase recuperado, segundo ele.

 

Os quartos possuem decoração temática, como da Índia e da Amazônia, e acomodam até dez pessoas. As camas têm luminária de led para leitura, tomada e armário individuais. As diárias variam entre R$ 60 e R$ 245.

 

“De fato, nunca será muito luxuoso dividir um quarto com outros, mas quem fica num hostel quer interação. O verdadeiro diferencial é ter um espaço agradável e confortável para isso”, diz Mariz.

 

Esse tipo de empreendimento alia preços mais baixos da hospedagem coletiva com ambientes projetados por arquitetos, móveis de design, bar gourmet, além de maior atenção à limpeza.

 

As diárias dos “poshtels” custam de 10% a 25% mais que a sua versão menos luxuosa, segundo Tania Cruz, diretora da plataforma PoshPacker, que avalia hotéis e hostels boutique.

 

Cruz diz que, apesar do maior investimento necessário, esse modelo de hospedagem tem se consolidado como alternativa mais rentável.

“A maioria dos hostels não passa do terceiro ano. Uma cama melhor e um banheiro limpo são decisivos. Barato não precisa ser sinônimo de baixa qualidade. Os empresários que entenderam isso são os que estão sobrevivendo”, afirma ela.

 

PERFIL EXECUTIVO

 

Um dos locais bem avaliados pela Poshpacker é o Hostel Brasil Boutique (HBB), fundado em 2013 pela administradora Alessandra Bossi, na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo.

 

Segundo Bossi, o conceito “design” foi escolhido após mapear a concorrência no bairro, bastante procurado pela vida noturna agitada.”A maioria dos hóspedes, apesar de gostar do clima de hostel, sente falta de pequenos mimos, como poder ter alguma privacidade”, afirma.

Nos quartos coletivos, com diárias a partir de R$ 50, há camas “casulo”, nas quais os hóspedes podem se fechar.

 

“A limpeza é algo notado também. Os banheiros são constantemente desinfestados com alvejante e higienizados industrialmente”, diz.

Os jovens viajantes ainda são a maioria entre os hóspedes do HBB, mas de 30% a 40% dos clientes são executivos ou funcionários de empresas que fecham os quartos para eventos.

 

“Atraímos mais executivos autônomos e estudantes do que mochileiros”, diz Bossi.

 

O QUE É SER ‘POSH’ – Quartos, cozinhas e áreas sociais projetadas por arquitetos e com móveis de design na decoração.

 

SERVIÇO – Facilidades como agência para roteiros de viagem personalizados, bar com drinques exclusivos e restaurante próprio.

 

CONFORTO – Colchões de mola ou ortopédicos, travesseiros confortáveis e lençóis e toalhas de qualidade.

 

LIMPEZA – Alguns locais contratam empresas para higienizar banheiros e chuveiros constantemente.

 

 

Mercado Imobiliário 01/07/2016


Jovens e casais sem filhos buscam apartamentos compactos

Fonte: Valor, 30 jun. 2016

 

O mercado imobiliário aposta firme na revalorização do Centro de São Paulo. Na região da Praça da República, por exemplo, foram lançados 1.254 apartamentos residenciais no ano passado. Em 2011, foram apenas 341. Na Sé, foram lançadas 622 unidades em 2015, comparado a 399 apartamentos no entorno do marco zero entre 2011 e 2014. Os dados são do Secovi­SP.

 

O preço do metro quadrado na região também disparou nos últimos anos ­ de R$ 7,4 mil em 2011 para R$ 9,7 mil no ano passado. Para efeito de comparação, o metro quadrado na região da Consolação custava R$ 13,6 mil em 2015. Na mesma época, o preço no Jardim Paulista era de R$ 12 mil.

 

“Os distritos centrais estão entre os que mais lançaram unidades nos dois últimos anos”, diz o economista­chefe do Secovi­SP, Celso Petrucci. Segundo eles, alguns fatores contribuíram para o cenário positivo. O primeiro deles foi a Operação Urbana Centro ­ legislação que permite maior aproveitamento do terreno para construções do que em outras regiões.

 

O segundo é a boa infraestrutura oferecida pela região, o que tem atraído compradores em busca de moradia perto do trabalho e acesso fácil a serviços públicos e equipamentos culturais e de lazer. “São pessoas que não precisam de muitos metros quadrados para viver e sim de facilidade de serviços e menos trânsito para ir trabalhar”, diz.

 

O perfil do público da região é, em sua maioria, de pessoas jovens, solteiras em busca do primeiro imóvel, casais sem filhos ou idosos que procuram apartamentos menores e com acesso fácil aos mais variados tipos de serviços, bares, restaurantes e opções culturais. “Geograficamente, o Centro é um ponto muito desejado”, afirma o CEO da Vitacon Incorporadora, Alexandre Lafer Frankel. A construtora investe em apartamentos compactos de até 14 metros quadrados no Bom Retiro.

 

“Acreditamos que não faz sentido uma pessoa ficar parada no trânsito apenas para ter uma sala maior. Por isso fazemos imóveis compactos, com inteligência de espaço, que têm como diferenciais a localização e os serviços compartilhados”, diz Lafer. Segundo ele, além do preço mais acessível do que em outros bairros nobres, a região atrai interessados em adquirir imóveis como investimento, seja para revender ou alugar.

 

O processo de revitalização do Centro, diz o construtor, precisa ser mais acelerado por parte do poder público para que a região se torne realmente atrativa para o mercado imobiliário. “Muitas coisas ainda não saíram do papel, como a revitalização da Luz. Se essa revitalização do Centro já tivesse ocorrido plenamente, as transformações seriam mais rápidas”, diz.

 

Mas nem só os jovens estão migrando dos bairros para a região central. A Brookfield Incorporações investe em empreendimentos destinados aos mais variados tipos de clientes no Centro. Ainda este ano deve ser lançado o segundo empreendimento da construtora na região do Glicério, a 15 minutos da Praça da Sé. Serão apartamentos de até três quartos e lazer completo nas áreas comuns, muito procurados por famílias maiores e com filhos. O primeiro prédio no Glicério foi entregue no ano passado e também era destinado aos mais diversos públicos, de solteiros a famílias com filhos.

 

“As pessoas que trabalham no centro adoram morar lá. E agora oferecemos a oportunidade para que isso aconteça com prédios novos e modernos”, explica o diretor de incorporações da Brookfield, José de Albuquerque. Ele lembra que um dos maiores transtornos do paulistano são as horas perdidas todos os dias no trânsito e o que atrai no Centro, além da proximidade ao emprego, é a infraestrutura existente a poucos quarteirões de casa.

 

Outra região que tem atraído muitos clientes, segundo ele, é o Baixo Augusta. A Brookfield foi a responsável por dois empreendimentos no terreno do antigo Hotel Ca d’Oro, na Rua Augusta. “Quando fizemos o lançamento do empreendimento, que tem cerca de 900 unidades, vendemos tudo em uma semana”, lembra Albuquerque.

 

De volta ao começo

Fonte: Valor, 30 jun. 2016

 

Após um longo período de decadência e esvaziamento, os centros das grandes cidades brasileiras voltam a atrair investimentos. O principal motivo é a boa infraestrutura urbana instalada nessas regiões e a oportunidade de reduzir drasticamente o tempo perdido no trânsito de casa para o trabalho. Em São Paulo, a região atrai cada vez mais moradores, órgãos públicos e serviços, como restaurantes e bares. No Rio de Janeiro, a região portuária deve ganhar novo impulso com o projeto Porto Maravilha.

 

O sonho de grande parte dos paulistanos é morar próximo a uma estação de metrô. No Centro, o morador não tem apenas uma, mas dez estações à disposição, duas de trem (Luz e Júlio Prestes), terminais de ônibus, serviços, ciclovias, parques, praças, hospitais, escolas e universidades a poucos quarteirões de casa. O Centro também oferece equipamentos culturais e de consumo (museus, shopping centers e cinemas) e uma agitada vida diurna e noturna, com bons restaurantes e bares, muitos deles abertos recentemente.

 

“A cidade nasceu aqui. Por isso sempre contou com uma infraestrutura urbana privilegiada desde os primeiros tempos”, explica o vice­presidente da Associação Viva o Centro, Marco Antonio Ramos de Almeida. Fundada há 25 anos pelo BankBoston (vendido ao Itaú em 2006), a entidade reúne empresas e entidades privadas que atuam na recuperação do Centro Velho de São Paulo.

 

Segundo Almeida, é natural que a região volte a atrair investimentos e moradores, pois já possui uma infraestrutura consolidada e subutilizada por conta do esvaziamento da área ocorrido até meados do ano 2000. “O Centro possui desde uma excelente rede de transportes até postes com fiação elétrica subterrânea, passando por diversos equipamentos culturais, como a Sala São Paulo, o Teatro Municipal e a Pinacoteca”, diz Ramos de Almeida.

 

O arquiteto e urbanista Carlos Leite tem opinião semelhante. Por ser antiga, a região é a mais estruturada da cidade e a mais preparada para novos investimentos. “É um luxo para a cidade um lugar que tem tantas estações de metrô, unidades de saúde, creches e equipamentos culturais à disposição da população”, diz Leite. Ele defende um adensamento maior das regiões centrais e uso misto do espaço urbano (comercial e residencial).

 

De acordo com o urbanista, os números mostram a necessidade de repovoar o Centro. Em São Paulo, os distritos Sé e República contam com 153 vagas de trabalho para cada morador local. Isso causa o enorme movimento pendular casa trabalho, com a população dos bairros mais distantes obrigada a deslocar­se para o Centro todos os dias, o que afeta a mobilidade urbana. “É muita oferta de trabalho para pouca gente que mora ali”, diz Leite.

 

Segundo dados da Viva o Centro, os distritos Sé e República concentram 85 mil habitantes. Em toda a região central (que reúne outros bairros, como Bela Vista, Bom Retiro e Santa Cecília) são cerca de 500 mil moradores ­ menos de 5% da população total da cidade de São Paulo, que é de 11,3 milhões de habitantes, segundo o IBGE. É pouco, mas tem melhorado ano a ano desde 2000, quando o Centro contava com apenas 67 mil moradores.

 

“Há uma consciência atual de que as cidades não vivem bem caso o seu centro não funcione bem, mesmo que a pessoa não more lá. Afinal, o centro é referência para todos os cidadãos”, afirma Valter Caldana, diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

 

A Prefeitura de São Paulo afirma que várias ações estão sendo realizadas para recuperar a região e incentivar o desenvolvimento econômico e social da região. Entre eles a reforma de calçadões, renovação da iluminação pública e incentivo ao ciclismo urbano, além de atividades de cultura e lazer nos espaços públicos. O poder público também investe em ações para aumentar a população do Centro, principalmente das camadas mais populares e que mais dependem do transporte coletivo.

 

No começo do ano, o governo do Estado de São Paulo e a Prefeitura lançaram um programa para a construção de 1,2 mil moradias populares na região da Luz. O conjunto habitacional, que será erguido em regime de parceria público­privada (PPP) no terreno da antiga rodoviária, prevê investimentos de mais de R$ 1 bilhão nos próximos cinco anos. As primeiras unidades devem ser entregues até dezembro.

 

Segundo o secretário estadual da habitação, Rodrigo Garcia, além de diminuir o déficit habitacional, o programa é uma maneira de incentivar a requalificação da área, que fica vizinha à Cracolândia. “Com mais famílias morando ali, mais pessoas vão circular pelas ruas durante a noite, surgirão novos estabelecimentos comerciais, restaurantes e será criado um círculo virtuoso que vai melhorar toda a região”, afirma.

 

No Rio de Janeiro, a meta é elevar a população da região central dos atuais 32 mil para 100 mil habitantes em dez anos. O incentivo à habitação, que prevê a construção de dez mil moradias de interesse social, integra o projeto Porto Maravilha, programa de revitalização urbana em uma área de cinco milhões de metros quadrados na zona portuária.

 

Parte dos projetos, como o Museu do Amanhã e o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), já foram inaugurados, impulsionados pela Olimpíada Rio 2016.

 

Também já foram entregues à população a recuperação de locais históricos como o Cais do Valongo, principal local de desembarque de escravos na cidade, e a Praça Mauá.

 

Segundo a prefeitura do Rio, até 2026 estão previstos investimentos de R$ 8 bilhões, a maior parte por meio de PPPs. “Desde a década de 80 a administração municipal pensa em como recuperar essa área. Em 2010, finalmente, o projeto saiu do papel, tornando­se referência de revitalização ao recuperar uma região degradada por cinco décadas”, diz Alberto Silva, presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro.

 

A preocupação em recuperar e incentivar o desenvolvimento da região central também chegou às cidades de menor porte. Em São José dos Campos (SP), a prefeitura investe R$ 8,6 milhões em obras, como construção de ciclovias e um boulevard na Orla do Banhado, como é conhecido o trecho que abrange as avenidas São José e Madre Tereza. “O Centro não está morto, mas ficou durante anos esquecido. Vamos modernizá­lo, valorizando as atividades econômicas existentes e estimulando o uso do espaço pela população”, diz o prefeito, Carlinhos de Almeida (PT).

 

Brookfield e Odebrecht estão perto de acordo

Negociações são relativas à Odebrecht Ambiental, empresa de saneamento que atua no Brasil e no exterior; grupo também negocia outros ativos

 

Fonte: Estadão, 01 jul. 2016

 

A gestora canadense Brookfield está perto de fechar a compra do controle da Odebrecht Ambiental, apurou o Estado. Fontes próximas às negociações afirmaram que as conversas avançaram bastante nos últimos dias e que o processo está passando pelos últimos ajustes.

 

O negócio envolve apenas a parte da Odebrecht na subsidiária, de 70%. O restante deve continuar com o FI­FGTS, sócio na companhia de concessões públicas de água e esgoto, tratamento de reúso de água e resíduos. No total, a Odebrecht Ambiental tem 26 ativos espalhados por Brasil, México e Angola. Em 2014, último dado disponível, a empresa faturou quase R$ 2 bilhões. Procuradas, as duas empresas não quiseram comentar o assunto.

 

Nesta semana, a Odebrecht anunciou a venda de 57% da concessão rodoviária Rutas de Lima para a própria Brookfield. Ao contrário do que ocorria há alguns anos, em que o apetite do conglomerado baiano era no sentido de ampliar os negócios, hoje as vendas de ativos são prioritárias para reduzir o pesado endividamento do grupo, de cerca de R$ 90 bilhões.

 

A empresa de saneamento é apenas um vários dos ativos colocados à venda pela Odebrecht, grupo envolvido na Operação Lava Jato, que investiga corrupção em contratos da Petrobrás. Desde que o presidente do conglomerado, Marcelo Odebrecht, foi preso há um ano, a situação financeira da empresa se deteriorou. Com vários compromissos firmados, dívida elevada e sem acesso a crédito, a alternativa para dar fôlego ao caixa da companhia tem sido a venda de ativos.

 

Outros ativos da companhia, como empresas de mobilidade, como Linha 4 – Amarela, do Metrô de São Paulo, estão em negociações. A empresa poderá reduzir participações em empreendimentos de logística, como o terminal de contêineres Embraport, na Baixada Santista, e o Aeroporto do Galeão, no Rio, além de empreendimentos imobiliários, que reúnem cerca de R$ 1,5 bilhão em ativos.

 

Energia. Outro importante negócio à venda é a Santo Antônio Energia, concessionária que administra a Hidrelétrica Santo Antônio, no rio Madeira.

 

Há cerca de dez dias, executivos da empresa viajaram para a China para negociar com grupos locais a participação de 28% da Odebrecht na usina, afirmam fontes próximas à companhia. “Não basta vender alguns ativos, mas tirar do seu balanço as empresas que estão altamente endividadas”, disse outra fonte.

 

É o caso da Odebrecht Agroindustrial, que deve concluir nos próximos dias a renegociação – entre R$ 6 bilhões e R$ 10 bilhões – de parte de sua dívida. A solução envolve bancos nacionais – público e privado – e estrangeiros, afirmou uma fonte. Esse é um ativo considerado mais complicado para ser vendido.

 

Mercado Imobiliário 27/06/2016


Cyrela faz injeção de até R$ 100 milhões no caixa da Tecnisa

Cyrela terá fatia de até 19% no capital da Tecnisa; Meyer Nigri e sua holding JAR terão posição reduzida a 49%

 

Fonte: Valor, 27 jun. 2016

 

Uma das maiores construtoras e incorporadoras do país, a Cyrela vai injetar até R$ 100 milhões na Tecnisa, tornando­se acionista minoritária relevante da companhia que vem enfrentando dificuldades financeiras. Assim, como outras empresas de construção civil, a Tecnisa teve seus negócios afetados pela crise econômica, com distratos que chegam a cerca de 5 mil em três anos.

 

Para equilibrar as finanças, a construtora de Meyer Joseph Nigri fará um aumento de capital no valor total de até R$ 200 milhões, ao preço de R$ 2 por ação. O valor proposto embute deságio de 15,03% em relação à média da cotação dos papéis ponderada pelo volume negociado nos últimos 30 pregões. Na sexta­feira, as ações da Tecnisa caíram 2,07%, a R$ 2,36. “O setor sofre muito. Os distratos estão nos acabando. Isso tudo fez com que o caixa ficasse mais comprometido”, disse o presidente Nigri ao Valor.

 

A entrada da Cyrela no capital da companhia se dará por meio do aumento de capital, no qual a Cyrela mais Meyer Nigri e JAR Participações, da Tecnisa, vão subscrever juntos até R$ 170 milhões em novas ações ordinárias. A Cyrela passará a deter cerca de 19% do capital da Tecnisa se investir o valor máximo previsto (de R$ 100 milhões), enquanto a participação de Nigri, que junto com a JAR investirá até R$ 70 milhões, cairá dos atuais 62% para 49%.

 

Segundo analistas disseram ao Valor, com a operação, a Cyrela garantirá fatia relevante da Tecnisa sem disparar uma pílula de veneno (“poison pill”) de 20% ­ cláusula fixa que compra de fatia superior a esse percentual obriga o lançamento de uma oferta por todas as ações da empresa. Ao fim da operação, um acordo de acionistas será celebrado e a Cyrela terá o direito de indicar um membro ao conselho de administração.

 

Conforme Nigri, a companhia avaliou uma série de alternativas para levantar recursos para equilibrar sua situação financeira, entre as quais a emissão de debêntures conversíveis ou a assunção de novas dívidas. Mas optou pelo aumento de capital por considerá­lo a medida mais conservadora e de menor risco a seus acionistas. “Para isso, trouxemos a Cyrela como âncora”, afirmou.

 

Caso não haja interesse no mercado pelos R$ 30 milhões que não estão vinculados aos compromissos assumidos no acordo com a Cyrela, as sobras podem ser subscritas pela própria Cyrela ou pelo empresário. Se levantar os R$ 200 milhões pretendidos, a Tecnisa vai praticamente zerar sua dívida líquida corporativa, conforme Nigri. Ao fim de março, o endividamento total era de R$ 1,33 bilhão, equivalente a 77,5% do patrimônio líquido. No trimestre, a queima de caixa foi de R$ 44 milhões.

 

A entrada de recursos também dará mais segurança na execução dos lançamentos previstos para este ano e não altera os planos de monetização de ativos, ressaltou Nigri. Hoje, há ativos em localidades que não são consideradas estratégicas  que estão à venda. Há outros, porém, que não estão nesse grupo, mas poderiam ser negociados caso a companhia recebesse uma boa proposta. Neste caso se enquadra o Jardim das Perdizes, na zona oeste de São Paulo (SP).

 

“Nunca falamos que [o Jardim das Perdizes] está à venda”, afirmou Nigri. “Mas se tiver uma proposta muito boa, a gente vende”, acrescentou. Os recursos obtidos poderiam ser usados, por exemplo, para recompra de ações da Tecnisa, que hoje são negociadas a 20% de seu valor patrimonial.

 

A escolha da Cyrela como nova sócia, conforme Nigri, deveu­se à história de mais de 40 anos entre as companhias, marcada pela execução de empreendimentos em conjunto e de confiança. “O fato de trazer o Elie Horn [fundador da Cyrela] é sinal de que ele viu valor na empresa. Isso deve motivas novos investidores”, comentou.

 

Para a Cyrela, o investimento na Tecnisa não visa ao controle e o objetivo é contribuir para a melhora das operações, disse o diretor financeiro da construtora, Eric Alencar. “Nossa ideia é muito mais contributiva do que o controle. A Cyrela será uma investidora, com participação minoritária”, afirmou. O executivo disse ainda que o aporte não está baseado em uma futura retirada da “poison pill”. “Se no futuro os acionistas retirarem, ótimo. Mas o investimento não foi baseado nisso”, ressaltou.

 

Conforme Alencar, Cyrela e Tecnisa têm uma relação próxima há anos e, mais recentemente, a segunda companhia os procurou com o convite para participação em uma operação de aumento de capital, cujo objetivo é melhorar o perfil de endividamento e de caixa da Tecnisa. “O valor apresentado é atrativo, porque o aumento de capital vai melhorar o perfil financeiro da Tecnisa”, afirmou. “Com um perfil adequado, ela se torna uma empresa muito atrativa”.

 

Para a equipe de análise do BTG Pactual, o investimento da Cyrela da Tecnisa é negativo, pois os resultados da incorporadora ainda levarão algum tempo para se recuperar. Na avaliação do banco, o pagamento de dividendos ou uma  recompra de ações corresponderiam à melhor destinação do fluxo de caixa livre da Cyrela, cujos papéis estão sendo negociados a um múltiplo de apenas 0,6 vez o valor patrimonial.

 

“Mas ressaltamos que o investimento de até R$ 100 milhões não representa mais que 3% do valor de mercado da Cyrela”, ponderou em relatório o analista Gustavo Cambauva. Pelos cálculos do BTG, os acionistas da Tecnisa serão fortemente diluídos, uma vez que o número de ações da companhia deve crescer entre 49% e 58% e a alavancagem deve cair a 55% (dívida líquida sobre patrimônio).

 

De acordo com Alencar, da Cyrela, embora o lema da indústria de construção imobiliária neste momento seja “o caixa é rei”, a companhia poderá usar recursos próprios para comprar as ações da Tecnisa. O tamanho do investimento, explicou, é relativamente baixo para a companhia, que ao fim do primeiro trimestre contava com cerca de R$ 2 bilhões em caixa.

 

Demolições e obras mudam a cara do Jardim Europa na zona oeste de SP

Fonte: Folha, 26 jun. 2016

 

Saem: salões de festas, grades metálicas baixas e quintais na frente de casa. Entram: garagens no subsolo, muros de três metros de altura e jardins nos fundos. Reduto de tradicionais famílias paulistanas, o Jardim Europa, na zona oeste, passa por uma renovação.

 

De um lado, dezenas de placas de “vende-se” e “aluga-se” revelam a saída de moradores. De outro, a presença de tapumes e placas com nomes de arquitetos e paisagistas mostra uma gradual transformação na paisagem.

 

São ao menos 15 obras de grande porte em residências apenas no perímetro original do bairro, que engloba as ruas batizadas de países e cidades da Europa —os Correios consideram que também fazem parte do Jardim Europa outras ruas, entre a avenida Faria Lima e a marginal Pinheiros.

 

Ao lado de casas já reformadas nos últimos anos, as construções transformam o bairro em vitrine de arquitetos premiados. Seus desenhos tentam atualizar —quando não colocar abaixo— residências construídas há mais de 40 anos no bairro, loteado na década de 1920.

 

“Os projetos mais difíceis estão relacionados à modernização de residências projetadas por grandes nomes da arquitetura paulista”, afirma Arthur Casas, com três trabalhos em andamento na região atualmente.

 

Ele já reformou uma casa de Gregori Warchavchik (1896-1972) e está repaginando outra de Oswaldo Bratke (1907-1997). “É importante manter intactas as características dessas construções, mas as pessoas não compraram um museu. As residências têm que atender às necessidades da família moderna”, diz.

 

Necessidades da família moderna do Jardim Europa: todos os quartos são suítes, garagem para no mínimo quatro carros, cozinha gourmet, home theater e sala de ginástica. Outros ambientes se tornaram dispensáveis. “Não temos mais salão de festas, por exemplo”, diz Casas.

 

BARULHO

 

Transformações do outro lado das fachadas também influenciam os projetos. O tráfego mais intenso é uma delas. “O Waze nos faz percorrer todas as ruas do bairro”, diz o arquiteto.

 

O aplicativo que dá dicas de trânsito lotou vias da região, antes vazias, de motoristas que querem cortar caminho entre os bairros do Itaim Bibi e Jardim América. O ruído dos carros não é o único problema que demanda solução arquitetônica.

 

“A dinâmica da cidade mudou. Violência, trânsito e barulho fazem a casa se voltar mais para o lado do terreno”, afirma o arquiteto Paulo Jacobsen. Traduzindo: quintais que antes davam para a rua agora são projetados para ficarem na parte de trás. “Os fundos viraram a frente.”

 

Em parceria com Bernardo Jacobsen, Paulo relata que seus projetos tentam compensar a distância da rua por meio da integração com o lado de fora. Para isso, utilizam materiais transparentes e de iluminação pelo teto.

Atualmente, a dupla tem três trabalhos em andamento no Jardim Europa.

 

DEMOLIÇÃO

 

Assim como costuma acontecer com o trabalho de Jacobsen, a maioria das obras no bairro parte do zero, segundo Alberto Luiz du Plessis, diretor da All’e Engenharia, que atua na região.

 

“Praticamente não há mais terrenos vazios ali, então as pessoas compram casas de 40, 50 anos de idade e têm que demolir para construir algo contemporâneo”, diz.

 

Assim como as linhas retas e ambientes amplos, garagens subterrâneas são itens presentes na maioria desses imóveis, segundo Plessis —nesse último caso, inclusive porque o uso do subsolo não entra na conta do limite máximo de área construída.

 

Embora a maioria das grandes obras tenha aval dos órgãos de patrimônio —o bairro é tombado—, a mudança não agrada a todos. “Os arquitetos estão fazendo quase um caixote, sem a beleza clássica das coisas de antigamente”, diz João Maradei, diretor da AME Jardins (associação de moradores dos Jardins).

 

CRISE

 

“Será, sem dúvida, o bairro preferido da elite paulistana”, prometia o anúncio da venda de lotes do Jardim Europa publicado em 1922 por seu proprietário, Manuel Garcia da Silva. Nas décadas seguintes, a previsão se cumpriu. O bairro da zona oeste foi escolhido por banqueiros, empresários e famílias quatrocentonas da capital paulista.

 

Mudanças na cidade e no movimento demográfico, no entanto, fizeram com que o bairro perdesse moradores. Ao longo dos anos, imóveis vagos e placas de “vende-se” se multiplicaram por ali.

 

Hoje, são dezenas. Segundo corretores, a crise aumentou o número de casas colocadas a venda. O valor proposto chega a R$ 30 milhões para uma residência com cinco suítes e nove vagas de garagem em 1.250 metros quadrados de área útil.

 

A venda de imóveis, no entanto, é anterior ao freio na economia e é comum em bairros estritamente residenciais. Em busca de segurança, muitos moradores trocam as casas por prédios.

 

Mudanças de padrões familiares também influem. “Os filhos crescem, vão embora e a casa fica grande. Aconteceu com o Morumbi”, afirma Cláudio Bernardes, do conselho consultivo do Secovi-SP (sindicato da habitação). Ele ressalta, porém, que o Jardim Europa leva vantagem nessa comparação por ter índices baixos de violência.

 

Na tentativa de adensar o bairro e outras áreas semelhantes, a proposta inicial da Lei de Zoneamento de SP previa a liberação de mais comércio em vias próximas. O lobby de moradores contrários, porém, barrou a medida, e o bairro segue com uso predominantemente residencial.

 

Fundos imobiliários superam pior momento, mas ainda são aposta de risco

Fonte: Estadão, 27 jun. 2016

 

Cotas dos fundos na Bovespa vêm batendo máximas históricas e acumulam alta de 15,7% no ano, mas mercado imobiliário continua em crise Febre entre os investidores em 2012 e 2013, os fundos imobiliários perderam rendimentos nos anos seguintes, na esteira da crise do setor de imóveis. Agora, dão sinais de recuperação. Ao menos é o que mostra o Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários (Ifix), termômetro para balizar o desempenho do produto que vem batendo sucessivas máximas históricas em junho e acumula valorização de 15,7% em 2016. Especialistas alertam, porém, que o momento ruim para aluguel e venda é um sinal amarelo para entrar nesse mercado.

 

Aplicar em um fundo desse tipo é como investir no mercado imobiliário. A diferença é que, em vez de comprar um imóvel e aproveitar a renda do aluguel, o investidor adquire apenas uma parte – ou cota – deste bem, a um preço bastante inferior ao valor “cheio”. Da mesma maneira, a rentabilidade mensal será fracionada entre os demais participantes do fundo.

 

O investidor precisa ter em mente que um fundo imobiliário não é renda fixa. Isso porque as cotas do fundo são negociadas na BM&FBovespa e oscilam da mesma maneira que uma ação de uma companhia aberta.

 

Por um lado, o investidor que pretende sair do fundo pode encontrar um comprador disposto a pagar mais do que foi desembolsado lá atrás. Mas, no pior cenário, pode ter de assumir um prejuízo.

 

“A dinâmica do fundo imobiliário é mais próxima do mercado de imóveis. O investidor deve ter em mente que o horizonte do investimento é de mais longo prazo”, afirma Arthur Vieira de Moraes, especialista em fundos imobiliários. Ânimo. É por essa relação direta com o mercado real de imóveis que o novo ânimo com o produto deve ser contido. As salas comerciais, por exemplo, ainda estão em baixa. Em São Paulo, o valor de locação deste segmento caiu 9,1% nos últimos 12 meses até maio e está 13,4% abaixo do pico, em abril de 2013, segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e o site de classificados Zap.

 

Estrategista da Guide Investimentos, Luiz Gustavo Pereira diz que, apesar da retomada dos fundos na Bolsa, ainda não houve melhora significativa na rentabilidade. O alerta vale, principalmente, para quem vê o gráfico abaixo como indicação de que é hora de entrar neste mercado.

“Depois da queda brusca no fim do ano passado e começo de 2016, o índice voltou a subir. Logo, já passou o momento daquele investidor mais especulativo, que procura comprar na baixa e vender na alta”, afirma Eduardo Zahan, gerente de fundos da Rio Bravo. Pereira, da Guide, explica que parte dessa recomposição de valor se deve a uma questão regulatória. Isso porque o governo da presidente Dilma Rousseff pretendia tributar, por meio de Medida Provisória, os lucros distribuídos pelos fundos imobiliários. A proposta, porém, foi retirada no início de 2016, o que levou a um novo aumento da procura pelo produto. Hoje, 95% do lucro líquido de um fundo imobiliário é distribuído diretamente aos cotistas, sem qualquer tributação.

 

A retomada recente dos fundos imobiliários também é creditada à valorização natural dos ativos negociados em Bolsa quando a taxa de juros cai ou há perspectiva de corte no futuro. Porém, na visão de Zahan, da Rio Bravo, a alta do Ifix pode estar um pouco exagerada. Liquidez. É mais fácil achar um comprador para uma cota de fundo imobiliário do que para um imóvel. Mas, comparado ao mercado de ações, a liquidez é bastante inferior. Em maio, por exemplo, o segmento Bovespa movimentou R$ 139,58 bilhões, contra um giro de R$ 657 milhões no mercado de fundos imobiliários.

 

Outra dica para acertar no investimento é lembrar que a rentabilidade varia de acordo com o tipo de fundo. Aqueles que apostam em agências bancárias, por exemplo, tendem a ser mais estáveis. Já naqueles que aplicam em imóveis comerciais, o problema da vacância deve ser observado. “Por outro lado, as cotas dos comerciais ainda podem ser consideradas baratas, o que pode ser uma oportunidade para quem está disposto ao risco”, afirma Zahan.

 

O produto também é alternativa para diversificar os investimentos, em um momento em que a expectativa de queda dos juros deve levar a uma revisão das apostas, hoje predominantemente concentradas em posições conservadores. “O fundo imobiliário deve representar parcela ainda menor do que é recomendado para as ações”, alerta Pereira, da Guide.

 

Mercado Imobiliário 21/06/2016


MRV planeja iniciar até fim do ano seu maior projeto com 25 torres em SP

Fonte: IstoÉ Dinheiro, Economia, 19 jun. 2016

 

A incorporadora e construtora MRV Engenharia planeja iniciar até o fim deste ano na cidade de São Paulo seu maior projeto, com 25 torres residenciais. Batizado de Grand Reserva Paulista, tem 7,5 mil unidades e um valor geral de vendas (VGV) de R$ 1,5 bilhão – montante que corresponde a um terço de todos os lançamentos realizados pela empresa ao longo do ano passado.

 

“Esse é um projeto em fase de aprovação na Prefeitura de São Paulo. Estamos tentando colocar no mercado ainda neste ano, entre novembro e dezembro”, afirmou o copresidente da MRV, Eduardo Fischer, em entrevista exclusiva ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. Segundo o executivo, não há prazo definido para lançar todos os 25 edifícios. “Essa decisão dependerá da situação do mercado”, ponderou.

 

O Grand Reserva Paulista fica em Pirituba, na zona norte de São Paulo, a cerca de 500 metros do Shopping Tietê Plaza, vizinho da Marginal Tietê. O terreno tem 180 mil metros quadrados e foi adquirido em 2009 por R$ 95 milhões do Santander. Nessa área estão situados alguns edifícios construídos no passado para abrigar o setor administrativo do antigo Banespa. Essas estruturas estavam desocupadas e, atualmente, passam por demolição para dar espaço ao novo bairro.

 

O projeto também envolverá a construção de praça pública, creche e um batalhão da Polícia Militar, além de ciclovia, abertura de ruas e o alargamento da Av. Raimundo Pereira Magalhães. Essas obras complementares são contrapartidas estabelecidas pela Prefeitura à MRV, com exceção do batalhão, cuja obra será entregue por iniciativa própria da construtora. Outra característica do projeto é a previsão de uma área de 4 mil metros quadrados destinada a pequenos comércios e serviços para atender os futuros moradores da região.

 

Minha Casa Minha Vida – Segundo Fischer, todas os imóveis do Grand Reserva Paulista estarão enquadrados nas faixas 2 e 3 do programa Minha Casa Minha Vida, destinados a famílias com renda mensal de até R$ 3,6 mil e R$ 6,5 mil, respectivamente. Nessas faixas do programa habitacional, os compradores contam com recursos para financiamento originados no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e no Fundo Garantidor da Habitação Popular. Como não são dependentes de subsídios do Tesouro Nacional, têm mostrado boa performance de comercialização, de acordo com o executivo. “Apesar da crise, nós continuamos tendo uma procura muito grande neste ano. A demanda por imóveis continua forte”, sintetizou Fischer.

 

O investimento da MRV no projeto faz parte de uma estratégia de reforçar sua atuação em municípios de médio e grande porte que foram pouco explorados durante o ciclo de expansão operacional nos últimos anos. A incorporadora está presente, hoje, em 142 cidades. “Muitas praças têm potencial para performar melhor, o que depende de termos banco de terrenos, imóveis no estoque e equipes comerciais bem preparadas. Nós enxergamos que existe potencial para aumentar as vendas sem aumentar o número de praças em que estamos”, explicou.

 

O executivo avalia que há condições para recuperação do mercado imobiliário assim que houver uma pacificação do cenário político e econômico nacional. Na sua opinião, isso pode avançar ao longo do próximo ano, pois a gestão do presidente em exercício, Michel Temer, deu sinais de mudanças para promover o ajuste fiscal e saneamento das contas das estatais. Para Fischer, essas medidas terão papel fundamental para aumentar a confiança de empresários e consumidores, bem como contribuir para melhoria gradual dos indicadores econômicos, destravando a concretização de negócios em todos os setores. “Já vemos uma mudança de rumos” disse.

 

A MRV encerrou o primeiro trimestre de 2016 com lançamentos de R$ 973 milhões, alta de 3,8% em relação aos mesmos meses do ano passado, enquanto as vendas foram de R$ 1,234 bilhão, queda de 9,8% na mesma base de comparação.

 

Emoções e Realton fecham parceria de vendas de imóveis

Fonte: Valor, 21 jun. 2016

 

A Incorporadora Emoções ­ da qual o cantor Roberto Carlos é um dos sócios ­ fechou parceria com a outlet de imóveis Realton, que será responsável pela criação da sua empresa de vendas. A Emoções Vendas nasce com foco na comercialização das unidades residuais do empreendimento Horizonte JK, na zona Sul da capital paulista, e vai expandir sua atuação para os demais projetos da incorporadora. A Realton projeta que, futuramente, a parceria com a Emoções possa responder por 20% de seus negócios.

 

Roberto Carlos tem 30% da incorporadora, Dody Sirena ­ empresário do cantor ­ 30%, Bira Guimarães ­ amigo do rei há quase 40 anos e, juntamente com a família Senna, um dos responsáveis por trazer a Audi para o Brasil ­ 30%, e Jaime Sirena ­ irmão de Dody ­, os demais 10%. Guimarães e Jaime Sirena administram, juntos, a empresa, que possui cerca de 50 funcionários.

 

A Emoções já lançou R$ 1 bilhão desde sua criação e informa ter mais R$ 1 bilhão previsto para os próximos quatro anos. Dois empreendimentos estão em construção na cidade de São Paulo, e um em Aracaju. Com exceção do Horizonte JK, todos os projetos lançados são comerciais e têm estoques correspondentes a 30%. Entregue no ano passado, o Horizonte JK é o primeiro projeto concluído da Emoções, incorporadora que deu início a suas operações em 2011.

 

O empreendimento tem 40 andares residenciais voltados para as classes média­alta e alta, e 15 andares comerciais, com lajes de 500 metros quadrados divididas em oito salas. O estoque ­ a maior parte residencial ­ corresponde a R$ 80 milhões, ou 20% do Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 400 milhões do projeto. Em número de unidades, o estoque equivale a 10% do que foi lançado. Não houve distratos de vendas do Horizonte JK.

 

Com apartamentos de 54 metros quadrados a coberturas de 260 metros quadrados, as unidades residenciais custam de R$ 900 mil a R$ 5,2 milhões. O preço médio por metro quadrado fica em torno de R$ 16 mil, abaixo da média do mercado para a região. O prédio tem entradas pela avenida Juscelino Kubitschek e pela rua Ramos Batista. São 270 unidades residenciais e 80 comerciais.

 

Jaime Siena ressalta que Roberto Carlos é sócio da Emoções e não garoto­propaganda, mas há referências do rei no empreendimento, como a predominância das cores azul e branco na decoração. É o caso das luminárias das áreas comuns, nas duas cores, e do feltro azul da mesa de sinuca.

Um dos andares ­ o vigésimo­segundo ­ tem uso exclusivamente social e inclui, na área externa, piscina de borda infinita, lareiras artificiais e espaço gourmet com sinuca. A utilização de parte das áreas comuns é prevista no custo de condomínio, mas o acesso à outra parcela, como a discoteca e a sala de pilates, é feito no sistema pay­per­use. O prédio tem ainda sauna seca, piscina aquecida coberta e quadra de squash.

 

Na áreas comerciais, parte dos andares tem pé direito com altura dupla, que podem ser divididos. A partir de julho, o escritório da Emoções vai ocupar parte de um deles, andar que dividirá com a já instalada DC Set, responsável pela promoção dos shows do rei.

 

A Realton está montando, há pouco mais de 15 dias, time de vendas focado nas unidades da Emoções. “Os corretores são fãs de Roberto Carlos”, conta o diretor da Realton, Rogério Santos. A equipe começa com 22 pessoas, entre as áreas jurídicas, de marketing e seis corretores. A Realton está reunindo também corretores parceiros interessados em vender estoques da Emoções, que já estão sendo chamados de “um milhão de amigos”.

 

Descontos serão concedidos, caso a caso, dependendo da unidade, segundo Santos. “É preciso resolver a questão dos estoques sem sacrificar margens. Temos de reconstruir a volta as origens”, diz o executivo da Realton.

 

Guimarães, um dos sócios da Emoções, conta que o produto se destina a quem trabalha na região da Juscelino Kubitschek, a investidores e a compradores de outras cidades ­ como produtores do agronegócio no Centro­Oeste ­ que querem ter apartamento na capital paulista.

 

A comercialização dos próximos lançamentos da Emoções terá a participação de imobiliárias tradicionais, além da equipe de vendas da Realton.

 

Neste ano, a Emoções pretende lançar outros dois empreendimentos. Um deles será seu primeiro condomínio de lotes de alto padrão, em Indaiatuba (SP), cujas ruas receberão nomes de músicas cuja autoria for exclusiva de Roberto Carlos. A incorporadora oferece a possibilidade de entregar a casa pronta ao comprador. O outro lançamento será um projeto residencial de alto padrão, em Goiânia.

 

O rei participa de todos os eventos de lançamentos, assim como esteve presente na entrega do Horizonte JK. A pedido dos presentes, acaba cantando alguns de seus sucessos, segundo Jaime Sirena. “Roberto Carlos gosta muito de arquitetura”, diz.

 

A Emoções avalia negócios nos Estados de Goiás, Bahia e de Mato Grosso. A incorporadora considera a possibilidade de atuar, futuramente, também no segmento de propriedades comerciais para renda e na aquisição de imóveis usados para retrofit (reforma) e posterior venda, segundo Guimarães. O executivo diz esperar melhora do mercado a partir de setembro deste ano.

 

Brasil Brokers amplia corte de custos, no 2º trimestre, na capital paulista

Fonte: Valor, 21 jun. 2016

 

A Brasil Brokers ­ segunda maior rede de imobiliárias do país ­ intensificou o corte de custos no segundo trimestre. A principal ação foi a unificação, em maio, do suporte às operações de vendas da Brasil Brokers São Paulo com a Abyara Brokers na capital paulista. O chamado back­office reúne secretaria de vendas e as áreas jurídicas, comercial, financeira, de tecnologia da informação e recursos humanos.

 

A mudança faz parte do plano da empresa de chegar a uma estrutura de custos anualizada de R$ 120 milhões a R$ 130 milhões. No fim de maio, a Brasil Brokers tinha 54 lojas ­ foram fechadas quatro, neste ano, todas no Rio de Janeiro. A empresa encerrou 2015 com custos anualizados de R$ 175 milhões, valor 50% menor, em termos reais, do que o de 2011, seu melhor ano.

 

Após a alteração implantada em maio, o corte de funcionários da Brasil Brokers São Paulo e da Abyara Brokers chega a 25%. Considerando­se todas as operações da rede de imobiliárias na cidade de São Paulo, a fatia é menor, pois há atuação também por meio de outras três empresas. No ano passado, o back­office das operações da Brasil Brokers no Estado do Rio de Janeiro havia sido unificado.

 

No mercado de lançamentos, a Abyara Brokers é mais focada nas vendas de imóveis de incorporadoras de capital aberto, enquanto a Brasil Brokers São Paulo é voltada para as fechadas. As operações das duas marcas continuarão separadas, mas há busca de mais sinergia de vendas de estoques, segundo o presidente da Brasil Brokers, Silvio Almeida.

 

De acordo com o executivo, as despesas gerais e administrativas do segundo trimestre estão menores que as do primeiro trimestre. “Queremos preservar caixa e vamos fazer os ajustes necessários”, diz Almeida, acrescentando que a companhia continua a buscar aumento de produtividade. A sede do Rio de Janeiro será transferida, em breve, para imóvel com aluguel mais barato. Renegociações de preços de aluguel de outras lojas continuam em curso.

 

A Brasil Brokers vai manter tamanho próximo ao atual se o mercado se estabilizar, segundo Almeida. “O setor está próximo do fundo do poço”, diz o presidente.

 

O executivo conta que o desempenho de lançamentos e vendas da Brasil Brokers no segundo trimestre está melhor do que o dos três primeiros meses do ano, mas abaixo da expectativa da companhia. Ele preferiu não informar comparações com o segundo trimestre de 2015.

 

De janeiro a março, os lançamentos por meio da Brasil Brokers tiveram queda de 58%, para R$ 1,021 bilhão, e as vendas contratadas de unidades novas ­ mercado primário ­ encolheram 49%, para R$ 770 milhões. As vendas de imóveis usados ­ mercado secundário ­ caíram 50%, para R$ 229 milhões.

 

No primeiro trimestre, a Brasil Brokers registrou prejuízo líquido atribuído a sócios da controladora de R$ 13,26 milhões, 73% maior do que a perda dos três primeiros meses de 2015. Foi o sexto prejuízo líquido trimestral consecutivo. A receita líquida caiu 49%, para R$ 24,6 milhões. Desde o terceiro trimestre de 2013, a receita líquida acumula queda na comparação anual.

 

A Brasil Brokers começou a reduzir custos em 2013, processo acelerado com o início da gestão de Plínio Serpa Pinto no ano seguinte. O executivo ficou à frente da companhia até julho do ano passado, quando foi substituído por Almeida. De acordo com o presidente, a companhia mantém atitudes que Serpa Pinto costumava citar, como ‘apagar a luz’ sempre que um espaço deixa de ser utilizado e ‘não comprar passagens de avião de última hora’.

 

Em 2015, a empresa saiu de mercados como Pernambuco, renegociou contratos de locação de lojas, com redução de espaço e do preço pago por metro quadrado, e fez cortes de pessoal.

 

Vacância de galpão ainda cresce diz Newmark Grubb

Fonte: Valor, 21 jun. 2016

 

Os preços de locação de galpões no Estado de São Paulo só voltarão a subir quando a taxa de vacância for reduzida, mas a fatia de espaços não ocupados em relação ao total ainda tende a aumentar antes de se estabilizar, na avaliação do responsável pela área industrial e logística da consultoria Newmark Grubb Brasil, Patrick Samuel. “Um maior equilíbrio do setor depende do reaquecimento da economia de forma confiável”, afirma.

 

No fim do primeiro trimestre, a vacância era de 27%, ante os 22,2% do encerramento de 2015. “Demora­se mais para preencher um galpão hoje do que antes”, diz Samuel. Durante o ano, a taxa de vacância ficará entre 25% e 30% no Estado de São Paulo, patamar muito superior à faixa de 10% a 12%, considerada saudável.

 

Foram entregues cerca de 244 mil metros quadrados de galpões de janeiro a março, volume superior à média de 180 mil metros quadrados a 200 mil metros quadrados dos últimos trimestres. A absorção bruta somou 172,9 mil metros quadrados, enquanto a líquida foi de 36,9 mil metros quadrados, de acordo com a Newmark Grubb.

 

O preço médio pedido mensal por metro quadrado locado de galpões ficou em R$ 19,8 no primeiro trimestre, o que representa leve queda de 0,3% ante os R$ 20,1 do intervalo de outubro a dezembro de 2015. De modo geral, o preço fechado é inferior ao pedido, mas a diferença depende da região, segundo Samuel.

 

Em áreas mais consolidadas como Cajamar, a diferença é menor, enquanto na Região Metropolitana de Campinas, onde ocorreram muitas entregas ao mesmo tempo, há mais variação.

 

Mercado Imobiliário 10/06/2016


Setor imobiliário vê melhora, mas mantém cautela

Fonte: O Estado de São Paulo, 08 jun. 2016

 

Alguns líderes de associações do setor de construção civil já começam a enxergar sinais positivos no campo econômico que podem levar a uma retomada da atividade no mercado imobiliário a partir do fim deste ano. Mas, apesar da melhora de perspectiva, o momento ainda é de cautela.

 

Os executivos fizeram a avaliação ontem durante a cerimônia de entrega dos prêmios da 23.ª edição do Top Imobiliário. O prêmio é uma iniciativa do Estadão em parceria com a Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio (Embraesp) e o SecoviSP. O objetivo é reconhecer as empresas com melhor desempenho operacional no setor.

 

“A mudança de rumo está acontecendo na direção certa”, afirmou o presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Flávio Amary. “Os principais indicadores econômicos do País estão melhorando ou, ao menos, deixando de piorar”, disse, citando as projeções do Boletim Focus do Banco Central para o comportamento do PIB, com expectativa de queda menor.

 

Amary comentou que essa leve melhora já ajudou a destravar algumas decisões de investimento e a oferta de novos projetos. Este ano, o Secovi-SP preferiu não divulgar uma projeção para o volume de lançamentos e vendas na capital paulista, pelo elevado grau de incertezas.

 

Na avaliação do presidente da Federação Internacional das Profissões Imobiliárias (Fiabci) no Brasil, Rodrigo Luna, há espaço para melhora dos lançamentos e das vendas ainda neste ano, uma situação que depende de redução das instabilidades no Congresso. “Após a solução da crise política, há condições de o último trimestre ser melhor para o mercado imobiliário”, observou. “Neste momento, a economia segue ruim, com desemprego subindo e renda caindo. Isso tudo trava os negócios. Mas esperamos que o ajuste fiscal vá ocorrer no médio prazo. É um momento de se ter calma”, ponderou.

 

O presidente do conselho do Secovi-SP, Cláudio Bernardes, disse ter observado o crescimento das consultas de investidores estrangeiros em busca da aquisição de ativos imobiliários nas últimas semanas. “O investidor estrangeiro está louco para voltar, mas ainda não tem certeza se este é o momento certo”, afirmou. Bernardes observou que o novo governo federal ainda se encontra numa conjuntura política conturbada, que tem atrapalhado a evolução das medidas de ajuste fiscal. Um exemplo citado é o pacote de reajuste dos salários de servidores públicos. “Essa foi uma questão incoerente com o modelo proposto de ajuste fiscal.”

 

Vencedores

 

A festa teve como vencedoras as empresas Gafisa (nas categorias Incorporadoras e Construtoras) e Abyara (na categoria Vendedoras). Essa definição teve como base o ranking produzido pelo Embraesp a partir de pesquisa de lançamentos imobiliários na região Metropolitana de São Paulo. Cinco quesitos foram avaliados: números de lançamentos, de blocos, de unidades, área total construída e o Valor Geral de Vendas (VGV) lançado.

 

No evento, o empresário Adolpho Lindenberg, da Construtora Adolpho Lindenberg S/A, recebeu o Prêmio Estadão Destaque do Mercado Imobiliário por sua contribuição ao mercado ao longo de mais de 50 anos de atuação.

 

Gafisa e Abyara são as grandes campeãs

Fonte: O Estado de São Paulo, Especial Top Imobiliário, 09 jun. 2016

 

Gafisa e Abyara Brokers são as campeãs da 23ª edição do Top Imobiliário. A primeira venceu tanto na categoria das incorporadoras como na das construtoras. A Abyara conquistou o topo do pódio entre as vendedoras.

 

Criado pelo Estado em parceria com a Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), o prêmio consagra as dez empresas que, em três áreas de negócios, registram melhor desempenho e maior participação de mercado na capital e Região Metropolitana de São Paulo.

 

Segundo a Embraesp, responsável pelo ranking, a Gafisa lançou no ano passado 15 empreendimentos, com 3.499 unidades, que totalizam 298 mil m² de área construída e valor geral de vendas (VGV) de R$ 1,2 bilhão.

 

Em 2015, a Abyara participou de 30 lançamentos, com 5.634 unidades e VGV de R$ 2,37 bilhões. Sua carteira reúne o segmento econômico – de R$ 150 mil a R$ 280 mil – até produtos de altíssimo padrão, como o Onze 180 Ibirapuera, com unidades de quatro dormitórios, área de 294m² e preço de R$ 7,2 milhões a R$ 7,5 milhões – em média, R$ 25 mil/m². Foi o segundo lançamento mais caro da cidade, atrás dos apartamentos do Saint Paul, no Jardim Europa, que custam R$ 19,9 milhões, segundo a Embraesp.

 

Para o vice-presidente comercial da Abyara, Bruno Vivanco, o altíssimo padrão não tem crise. “Quem sofre é a classe média”, diz. “Alto luxo tem pequena produção e demanda estável.”

 

Vivanco destaca participação do segmento econômico no total de vendas realizadas pela Abyara, que dobrou de 20% para 40% em dois anos. O “fortalecimento do pilar econômico”, segundo ele, foi decisivo para a vitória no Top Imobiliário. Nessa faixa do mercado, a Abyara vendeu três edifícios listados entre os cinco mais baratos. Com preços de R$ 156 Reconhecimento mil a R$ 174 mil, Mirante Guaianazes, Jardins Itaquera e Nova Itaquera, na Zona Leste, são projetos da Tenda, braço do grupo Gafisa para imóveis populares.

 

Demanda

 

O Sindicato da Habitação (Secovi-SP) fechou 2015 computando a venda de 20.148 apartamentos novos, resultado 6,6% abaixo de 2014. A faixa até R$ 225 mil foi a única que registrou crescimento, com 4.924 moradias vendidas – 24% do total. Em 2014, eram 12%. É um ajuste dos prédios para população de menor renda, faixa que concentra maior demanda da cidade, diz o Secovi no balanço anual. “Nessa faixa de preço, a oferta é pequena, mas há maior demanda”, diz o economistachefe do Secovi, Celso Petrucci.

 

“A deficiência do mercado é conseguir atender a essa faixa”, opina Vivanco, destacando como um dos empreendimentos de sucesso, o Barra Viva, com incorporação da Gafisa e construção do grupo Bueno Netto. São 18 pavimentos com 221 unidades – sala e quarto de 31m² – e preço de R$ 200 mil.

 

“Inovação, qualidade e eficiência são atributos chave em nosso negócio”, diz Sandro Gamba, CEO da Gafisa, também premiada em 5º lugar no ranking das vendedoras. São Paulo recebeu 81% do total de lançamentos feitos em 2015 pela empresa, que adotou o conceito de economia compartilhada no Smart Santa Cecília, no Centro, e Smart Vila Madalena, na Zona Oeste. Com estúdios, um e dois dormitórios, ambos foram lançados com preços de R$ 200 mil a R$ 350 mil. “Moradores terão acesso a facilidades compartilhadas como aluguel de carros e bicicletas, além da reserva de apartamento mobiliado para acomodar visitas.”

 

Em dezembro, a Gafisa lançou o 067 Hermann Jr, no Alto de Pinheiros, com apartamentos de 286m² e preço de R$ 5,5 milhões. Agora abriu plantão de vendas do MN 15 Ibirapuera, também de altíssimo padrão. Segundo Gamba, projeto diferenciado, terreno exclusivo e equação de valor competitivo formam o tripé para garantir o sucesso no segmento de luxo.

 

Localizado no Ibirapuera, uma das regiões mais valorizadas da cidade, o MN 15 traz inovações na concepção da fachada, com terraços desiguais e pé direito alto para instalação de canteiros. “Aliado a um design premiado em Milão, permite ter árvore plantada na varanda”, afirma Gamba, referindo-se ao prêmio A’Design Award & Competition que o projeto ganhou na categoria construção. No total, são 15 apartamentos, com 340m² ou dúplex de 570m². Em sites do setor, o preço sai a partir de R$ 8,16 milhões.

 

Abyara ampliou foco no segmento econômico

A Abyara venceu a concorrência na luta pelo primeiro lugar no ranking das vendedoras superando a Lopes, tradicional campeã. Desde a virada de 2013 para 2014, a imobiliária tomou a “decisão estratégica” de ampliar o foco no segmento econômico, explica o vice-presidente comercial Bruno Vivanco, referindo-se aos apartamentos com preço de R$ 150 mil a R$ 280 mil.

 

“Em 2015, a estratégia, efetivamente, mostrou os frutos”, comemora. “Em 21 anos de história, a Abyara sempre esteve presente entre as primeiras colocadas, disputando com afinco a liderança.”

 

A participação do segmento econômico dobrou de 20% em 2014 para 40% no ano passado, quando o valor o faturamento total da empresa foi de R$ 1,9 bilhão. “Em 2014, vendemos R$ 3 bilhões”, diz Vivanco. Neste ano, o volume de vendas está 15% a 20% abaixo de 2015. Ele garante que “o fortalecimento do braço econômico fez a empresa ser ainda mais completa”.

 

Vivanco aponta como um dos principais projetos populares de 2015 o In Parque Belém, da Atua e Econ – também premiadas com o Top Imobiliário. “É um projeto bem grande”, afirma. No total, são 1.349 apartamentos em seis condomínios, no bairro do Belém, Zona Leste. Quatro fases já foram lançadas.

 

Outros projetos econômicos, citados por Vivanco como destaques, foram o Barra Viva, da Gafisa e Bueno Netto, e dois edifícios na região central: Add House e Stamp Mooca, da Engelux, premiada na categoria das incorporadoras este ano.

 

O executivo fala da “capilaridade” da Abyara, presente nas regiões da capital e Grande São Paulo. “O corretor, quando capta um cliente, tem oportunidade de oferecer produtos em qualquer ponto da cidade, em qualquer segmento”, declara.

 

Na sua opinião, o vento do mercado mudou. Por isso, a Abyara investe forte em treinamento. A meta é impulsionar a venda das chamadas unidades remanescentes. “Temos um departamento de estoque premium, com equipes nos plantões de prédios prontos e com entrega a curto prazo”, diz. “Viemos de um período que mercado lançou muito produto para investidor, que é mais frio. Na verdade, compra um papel com perspectiva de valorização.”

 

Agora, a “pegada é diferente” com o usuário final. Esse cliente, segundo ele, é mais emoção e exige maior preparo técnico do corretor, mostrando diferenciais do produto, de acabamento. “É uma venda mais trabalhada”, afirma, enfatizando a importância do treinamento. “O corretor tem de estar preparado para gerar confiança no comprador.”

 

Empresas que souberam se reinventar no mercado imobiliário

Fonte: O Estado de São Paulo, Especial Top Imobiliário, 09 jun. 2016

 

Econ e Diálogo são exemplos de empresas do setor imobiliário que souberam se reinventar e manter o crescimento apesar da crise político-econômica que assolou o País. As duas retomam posições de destaque entre as incorporadoras no Top Imobiliário 2016 – respectivamente, em 4º e 9º lugar -, depois de ficarem ausentes da premiação em 2015.

 

Ambas também se classificam – na 7ª e 10ª posição – no ranking das dez construtoras com melhor desempenho na capital e Região Metropolitana de São Paulo, conforme números registrados pela Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio.

 

Econ focou no segmento econômico

Segundo a Embraesp, a Econ lançou seis empreendimentos em 2015, com 9 blocos e 1.149 apartamentos, totalizando 104 mil m² de área construída e valor total de R$ 285 milhões.

 

A estratégia foi manter o foco no segmento econômico, com tíquete enquadrado no Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). “Desta forma, foi possível aproveitar os juros baixos oferecido pelos bancos que atuam nessa linha de crédito”, afirma Gil Vasconcelos, diretora de incorporação da Econ e da Atua – esta também premiada, ocupando o 6º lugar no ranking das incorporadoras.

 

Ela conta que a as duas empresas atuam no mesmo segmento imobiliário. Entretanto, a Atua faz parte de uma joint venture com a Yuni. “O que difere uma empresa da outra é apenas a aquisição de terrenos. As duas seguem a mesma estratégia de negócios”, acrescenta Gil.

 

Além da atuação dentro do MCMV, as incorporadoras também venderam no ano passado unidades com tíquete médio entre R$ 300 mil e R$ 400 mil, que se enquadram no Sistema Financeiro Habitacional (SFH).

 

Com isso, é possível atender a uma parcela da população onde o déficit habitacional continua intenso, diz a executiva, e a parcela de pagamento “cabe no bolso do cliente”.

 

O resultado é que tanto a Econ quanto a Atua tiveram faturamento maior em 2015 em comparação com o ano anterior. Juntas, obtiveram crescimento em vendas, lançamentos e valor geral de vendas (VGV).

 

No ano passado, houve crescimento de 16% nas unidades vendidas ( de 2.082 para 2.431); 15% no VGV vendido (R$ 527 milhões para R$ 609 milhões); 50% nas unidades lançadas (de 1.381 para 2.072) e 30% no VGV lançado (de R$388 milhões para R$ 504 milhões).

 

Gil cita como exemplo de sucesso, em 2015, o In Parque Belém. Lançado pela Atua, em empreendimento prevê seis condomínios, dos quais quatro foram lançados e vendidos totalmente no ano passado.

 

“Em um único final de semana vendemos 850 unidades”, comemora Gil. O sucesso do empreendimento tem a ver com a localização: próximo ao Metrô Belém e a 500 metros do Parque Belém, servido pelos Shopping Metrô Tatuapé e Boulevard Tatuapé, além das principais vias de acesso a toda a cidade.

 

O desafio, agora, diz Gil, é comprar terrenos com preços baixos para viabilizar projetos econômicos, que se encaixem no programa MCMV. “E, claro, temos de torcer para que o programe continue”, diz.

 

Diálogo foca em público de renda média

O diretor de incorporação da Diálogo Engenharia e Construção, Fábio Magalhães Verçosa, afirma que a empresa passou a projetar empreendimentos para que fossem moradia – e não mais como investimentos.

 

A Diálogo optou em adquirir terrenos com mais exposição, escolhendo localizações próximas a estações de metrô e grandes avenidas de acesso a diversas regiões da capital paulista.

 

“Com essa mudança, conseguimos aumentar o volume de vendas, o que compensou o maior índice de distratos”, afirma o diretor de incorporação.

 

Segundo os dados da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), a Diálogo lançou cinco empreendimentos no ano passado, com seis blocos e 507 apartamentos. O total de área construída será de 76,5 mil metros quadrados, com valor geral de vendas (VGV) de R$ 295,4 milhões.

 

Atualmente, o foco da Diálogo é atender a um público de renda média, que busca apartamentos de dois e três dormitórios, especificamente na capital paulista. São imóveis cujo preço varia de R$ 500 mil a R$ 850 mil. Ou seja, boa parte ainda dentro do limite de R$ 750 mil do Sistema Financeiro de Habitação (SFH).

 

O case de sucesso do ano passado, porém, foge totalmente desse padrão – e do público alvo da empresa. Localizado no Alto da Lapa, o Vicino Passo da Pátria foi lançado em dezembro passado.

 

São apartamentos de 170 metros quadrados, com planta inteligente. Isso significa que as quatro suítes podem se transformar em três, sendo uma delas com dois banheiros.

 

“No final de semana de lançamento vendemos 70% dos apartamentos”, conta Verçosa. O valor médio é de R$ 10,5 mil o m² , com preço final de R$ 1,5 milhão a unidade.

 

“Mesmo com o ambiente desafiador no campo da economia, conseguimos iniciar as obras com 100% do empreendimento vendido, o que poderá nos ajudar a ter uma entrega antecipada”, diz Verçosa.

 

Em termos de inovação, o diretor cita geradores em todos apartamentos, além de tratamento acústico nos quartos, ar condicionado e sistema de tratamento e reúso de água pluvial e cinza – aquela proveniente dos chuveiros, lavatórios, lavadoras de roupas e tanques, por exemplo.

 

Desafios

 

Para a Diálogo, o desafio no segundo semestre e no próximo ano será lançar imóveis com preços competitivos, para que o cliente perceba valorização ao longo da obra e não desista do imóvel na entrega das chaves.

 

“O ano passado e o anterior foram marcados por um crescimento muito alto do número de distratos”, afirma o diretor Verçosa, referindo-se ao pedido para o cancelamento da compra. Isso, segundo ele, foi motivado tanto pela queda da renda quanto pela desvalorização do preço do imóvel ao longo da obra. “Nosso desafio é inverter essa equação e voltar ao patamar anterior à crise.”

 

Ele explica que o movimento normal do mercado imobiliário é o cliente comprar na planta e ver a valorização ao longo da obra. Assim, na entrega das chaves, uma unidade nova custará mais do que aquela que ele comprou no início da construção.

 

“Essa é a vantagem de se adquirir o imóvel na planta”, diz. “Mas desde 2014, e mais fortemente no ano passado, com o desaquecimento do setor, muitos imóveis quando ficaram prontos estavam custando menos do que o similar de quem investiu na planta.” Por isso, segundo Verçosa, na entrega das chaves o comprador desistia. “Isso elevou muito o número de distratos.”

 

No caso da Diálogo, o volume de distratos aumentou 10% na passagem de 2014 para 2015. “De um índice que já vinha alto”, salienta ele, sem revelar a quantidade. “Desde 2013 já projetávamos que os anos seguintes seriam complicados”, diz Verçosa. “Por isso, nossa estratégia desde então – e que se repetiu no ano passado – foi diminuir nossos custos.

 

Adolpho Lindenberg: marca registrada de estilo e acabamento

Fonte: O Estado de São Paulo, Especial Top Imobiliário, 09 jun. 2016

 

A palavra crise sempre foi motivo de preocupação para empresários e trabalhadores ao longo da história, inclusive no momento que o Brasil atravessa. Incertezas em relação ao retorno de investimentos, risco de desemprego e insegurança geral tornam difíceis qualquer previsão sobre o futuro, mas há homens que não se assustam diante de tais dúvidas. É o caso do engenheiro Adolpho Lindenberg, fundador da Construtora Adolpho Lindenberg nos anos 1950, personagem cheio de lembranças sobre as crises vividas pelo País e as batalhas travadas para enfrentá-las e vencê-las.

 

Alto padrão

 

Homenageado como na edição 2016 do Prêmio Top Imobiliário, Lindenberg, hoje com 92 anos, viu o crescimento vertiginoso da construtora na primeira década de negócios, mas acompanhou cada ano de vacas magras que a empresa – hoje conhecida simplesmente como CAL – amargou nos períodos de inflação alta dos anos 1960/70/80, que viriam a se repetir dez anos mais tarde. Viu de perto a mudança do perfil da clientela de elevado poder aquisitivo que formou com a incorporação de empreendimentos de alto padrão e soube se adaptar aos novos tempos e ao cenário da construção civil.

 

Para Lindenberg, a homenagem mostra essa trajetória. “As premiações são de grande utilidade, porque cada empresário tem histórias de sucesso, lutas e fracassos que as novas gerações ganham a oportunidade de conhecer. Comigo não é diferente”, diz ele, demonstrando memória aguçada para falar da carreira bem-sucedida.

 

Casarões

 

Chega a parecer irônico pensar que esse empreendedorismo firme e certeiro começou numa despretensiosa salinha na Rua Quintino Bocaiúva, perto da Praça da Sé, no coração de São Paulo, onde em 1954 o engenheiro e arquiteto formado pela Universidade Mackenzie abriu seu escritório de engenharia. Lindenberg tinha 30 anos e usou o dinheiro de herança recebida do pai para os primeiros projetos: a construção de três casas em estilo colonial no bairro que começava a se formar no entorno do recéminaugurado Parque Ibirapuera.

 

Como ele conta no livro Influências – Olhares Paralelos sobre a Evolução da Sociedade e da Arquitetura Lindenberg, lançado por Maiá Mendonça e Renato Cymbalista por ocasião dos 60 anos de fundação da CAL em 2014, os casarões eram amplos, com dois andares, quintal e fachada no estilo barroco brasileiro, lembrando o casario antigo de Minas Gerais ou as sedes das fazendas de café. O empreendimento foi sucesso absoluto, com a venda dos imóveis e o ponto de partida para o surgimento da construtora.

 

O dinheiro foi investido na construção de novos casarões, dando início a uma sucessão de empreendimentos no estilo colonial, considerado por ele mais adequado ao clima e cultura brasileiros do que o Bauhaus tão Status em voga naqueles anos. Na época, Lindenberg já tinha Alberto Du Plessis e Plínio Vidigal Xavier da Silveira como sócios.

 

Responsável pela área comercial e definição dos produtos, Lindenberg ampliou o leque de amizades e passou a reformar casarões de fazendas de café na região de Campinas. Esse contato direto com o comprador deu a marca que imprime na CAL até hoje. “Sempre tratei cada condômino como se fosse único, com direito ao contato pessoal com os engenheiros, alterar plantas, indicar acabamentos”, diz ele, no livro. “É o que denominamos ‘acabamento personalizado’, marca registrada da CAL.”

 

Artistas

 

Lindenberg chegou a contratar artistas de origem italiana, saídos do então Lyceo de Artes e Ofíceos, para executar trabalhos minuciosos de acabamento. Mesmo quando o crescimento exponencial da população de São Paulo passou a exigir a verticalização, ele soube oferecer estilização para um setor que tende à padronização.

 

Sempre voltado para o segmento de alto poder aquisitivo, Lindenberg enfrentou o desafio de impor mudança cultural para uma clientela que queria morar em casarões, não em edifícios. “Nosso público queria um apartamento que fosse como um casarão, sem padronização – padronização significava empobrecimento – e que atendesse aos seus desejos”, afirma.

 

Lindenberg ficou preocupado ao lançar o primeiro prédio da CAL no início dos anos 1960, em Higienópolis, mas durante a obra já se sentiu aliviado, com todas as unidades vendidas. Na festa de entrega do edifício, em 1962, reuniu os condôminos e funcionários da CAL. “Dou muita importância ao trabalho dos mestres de obras, fui padrinho dos filhos de vários deles”, conta ele, que hoje emprega 260 funcionários no grupo.

 

O incorporador deve estar atento para o fato de que o comprador quer não só boas condições de compra ou a localização da obra, mas viver num prédio que esteja na moda, à frente, com novidades construtivas e onde a elite vai morar. Para Lindenberg, “a compra não é apenas pela sua utilização como moradia, mas instrumento para ascensão social”.

 

Diversificação

 

Com atenção às tendências, a CAL lançou na década de 1970 o primeiro flat brasileiro, nos Jardins, preconizando os edifícios de uso misto. À época, Lindenberg já diversificava os empreendimentos. Construiu prédios comerciais em Brasília, como a sede da Petrobrás, hotéis de alto padrão – Casa Grande no Guarujá, o Tropical de Manaus e de Santarém -, além de edifícios para bancos na Avenida Paulista e outras regiões da Capital.

 

A CAL já atingiu 8 milhões de m² de construção e 5 mil apartamentos, diz Lindenberg com orgulho. Ele deixou o comando da empresa com Adolpho Lindenberg Filho, de 60 anos, mas costuma ir ao escritório uma vez por semana para opinar nos projetos de novos empreendimentos. Hoje, a CAL está voltada principalmente à incorporação de prédios nas cidades em crescimento por causa do agronegócio, como Ribeirão Preto, Piracicaba, Jundiaí e Sorocaba.

 

“Fala-se muito em crise, mas essa crise não chegou para o agronegócio, há boas oportunidades”, diz. Nessas localidades, há procura por unidades, agora, menores. “Os apartamentos de antigamente chegavam a ter 600, 700 m². Hoje, são de 250m² ou 350 m², mas sempre com acabamento de primeiríssima qualidade”, conta. “Eu mesmo moro num de 220 m² e estou muito satisfeito.”

 

 

Mercado Imobiliário 03/06/2016


PDG posterga pagamento de juros e amortização de debêntures

Fonte: Valor, 02 jun. 2016

 

A PDG Realty negociou com os debenturistas da primeira emissão a rolagem da data de pagamento da primeira parcela da amortização, prevista para ocorrer em 29 de maio, para 29 de agosto. Além disso, a companhia obteve aval para alteração do pagamento da remuneração de debêntures a ser feito junto com a primeira parcela da amortização, em agosto.

Camargo Correa não terá ‘nova chance’ , diz executivo

Fonte: Valor, 03 jun. 2016

 

Prestes a completar um ano na construtora Camargo Corrêa à frente da vice­presidência de Governança e Compliance, Flávio Rímoli é claro: “Depois da Castelo de Areia e da Lava­Jato a empresa não terá uma terceira chance”. O executivo alerta que não poderá reincidir em corrupção. “O mercado não deixará”, afirma, sem parcimônia e com serenidade aguda.

 

A empreiteira esteve no centro da Lava­Jato, que investiga pagamento de propina na contratação de obras pela Petrobras. No ano passado, ex­executivos da construtora foram condenados pela Justiça. Eles viraram delatores da Lava­Jato e a Camargo reconheceu desvios em investigações relacionadas a esquemas de corrupção em licitações e obras do governo federal pelos quais vai pagar R$ 804 milhões em indenizações, após fechar acordos de leniência. Os recursos contemplam ressarcimento à Petrobras, à Eletrobras e à Eletronuclear, além do pagamento de multa ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

 

Hoje, quando a empresa vai aos bancos, entre 36% e 40% das perguntas são: “Como está o seu compliance?”. É o primeiro questionamento, antes da análise das demonstrações financeiras.

 

O cargo de vice­presidente de Governança e Compliance foi criado em 2015 para fortalecer controles internos e incutir na companhia a cultura anticorrupção, com a premissa de tolerância zero. “As pessoas querem mudar, querem fazer o que é certo”, diz Rímoli.

Questionado se é possível sobreviver de forma leal nesse mercado, o executivo adianta que há áreas e países dos quais a Camargo quer sair ou nem entrar. Não revela quais, mas destaca que são locais onde há obras e possibilidades. “A gente garante a entrada. Mas, durante, como você garante que vai ter continuidade da obra? Como você garante que vai receber? E que para receber não tem de pagar nada? É uma dificuldade, então é melhor não entrar. Não vale a pena ter problema desse tipo”, diz.

 

A construtora, uma das maiores do país, encerrou 2015 com receita líquida de R$ 4,3 bilhões, queda de 31,1% sobre 2014. O grupo, cujo principal negócio é a produção de cimento, fechou o período com receita líquida de R$ 21,4 bilhões, queda de 17,6% na comparação anual.

 

Ex­executivo da Embraer, onde iniciou como estagiário e atuou por 33 anos, tendo sido secretário do conselho de administração e vice­presidente executivo jurídico, Rímoli recebeu o convite conjunto do presidente­executivo da construtora Camargo Corrêa, Artur Coutinho ­ também ex­Embraer ­, e do presidente do conselho de administração do grupo, Vitor Hallack.

 

Coutinho substituiu Dalton Avancini, condenado na Lava­Jato. Uma das inovações que Coutinho levou para a construtora Camargo Corrêa foi o “sistema lean”, filosofia de gestão que elimina perdas na produção. A área de compliance está aproveitando esse processo para rever as normas e identificar falhas em cada etapa da cadeia. As medidas para fortalecer os controles internos contra o “jeitinho brasileiro” abarca um amplo espectro ­ de não aceitar brindes ou presentes acima de determinado valor (que varia de acordo com a região) à obrigatoriedade de qualquer doação ou patrocínio passar pelos crivos da diretoria e do conselho. Tudo o que pode ter brecha é avaliado pelo presidente, algo fundamental nesse momento de aculturação, diz Rímoli.

 

Até poucos meses atrás executivos de outras empresas do setor sequer cumprimentavam o presidente da Camargo devido ao acordo de leniência, julgando­o “dedo duro”. “É, nós viramos a página, queremos partir do zero”, conclui Rímoli.

 

Pesquisa aponta empresas de construção civil mais valiosas

Fonte: Canal Executivo, maio 16

 

Apontamentos como 400 mil demissões em 2015, retratação de 6% nas vendas e queda de 98% do lucro nas empresas abertas somente no primeiro trimestre do ano passado foram alguns dos fatos que tornou 2015 um período de crise sem precedentes no mercado brasileiro de construção civil. À procura de dias melhores, o segmento está cada vez mais aderente ao termo “geração de valor”. O valor é materializado a partir da interação das empresas com os diferentes públicos, em cada ativo, podendo ser tangível como resultados financeiros e desempenho da companhia ou intangível como reputação que é fruto da credibilidade e imagem conquistada. Para avaliar a capacidade das instituições em gerar e proteger valor não apenas para si, mas também para seus clientes, consumidores, acionistas, funcionários e sociedade, a DOM Strategy Partners, desenvolveu o ranking MVP (Mais Valor Produzido) Brasil – Engenharia e Construção. A listagem contém as cinco companhias do setor que mais geram valor a partir da percepção, avaliação e recomendação de seus stakeholders. Os impactos da crise são retratados nos números da pesquisa deste ano, que revelou médias abaixo da última listagem. Como é o caso da primeira colocada Promon, que aparece no ranking com 7,58, três décimos a menos do que no ano passado, na qual teve 7,84.

 

A Cyrela, ocupante do terceiro lugar em 2014, com 7,65, surge com uma pontuação menor, porém subiu uma casa, conquistando o segundo lugar com 7,41. A seguir vem a estreante Gafisa com 7,33. A Tecnisa, vice-campeã do ano passado com a média 7,71, desceu dois pódios e figura na quarta posição com 7,21. Já a MRV, surge pela primeira vez no MVP com 7,14, ocupando, dessa forma, o quinto e último lugar. Medido de 0 a 10, o estudo avaliou ativos como Eficácia da Estratégia Corporativa, Crescimento Evolutivo, Valor das Marcas, Qualidade de Relacionamento com Clientes, Governança Corporativa, Sustentabilidade, Gestão de Talentos, Cultura Corporativa, Inovação, Conhecimento, Grau de Transformação e Uso das Tecnologias Digitais, dentre outros.

 

“O MVP Engenharia e Construção tangibilizou indicadores que reverberam em credibilidade aliada à imagem positiva, sistema de gestão robusto e eficácia do motor competitivo para entender como as construtoras se comunicam, constroem e mantêm a capacidade de gerar e proteger valor aos seus diferentes públicos mesmo diante da crise”, diz Daniel Domeneghetti, CEO da DOM Strategy Partners. Para viabilizar a pesquisa, a consultoria se apoiou na metodologia EVM (Enterprise Value Management), corrente que defende a tese de que o valor produzido pelas empresas, tanto gerado, como protegido, seja este tangível ou intangível, é agregado (ou destruído) e materializado (quantificado) em função da percepção de valor apreendida e tangibilizado pelos stakeholders.

 

Ministério deve pedir R$ 5 bilhões para pagar obras do Minha Casa

Fonte: Folha de São Paulo, 02 jun. 2016

 

O Ministério das Cidades deve pedir ao Planalto e à Fazenda mais R$ 5 bilhões para destravar pagamentos que incluem o Minha Casa, Minha Vida (MCMV), projetos de saneamento e mobilidade urbana, e até a conta de luz de estatais ligadas à pasta como a CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos).

 

Porém, esse montante é insuficiente para pagar todos os contratos vigentes da pasta, segundo o novo ministro Bruno Araújo. Nas contas do Ministério, há pouco mais de R$ 42 bilhões em obras contratadas que não deverão ser pagos este ano.

 

Em entrevista coletiva, Araújo afirmou que a gestão anterior “foi a maior passadora de cheques sem fundo do planeta”.

 

Conforme a Folha  apurou, a maior parte dos R$ 5 bilhões será empregada no Minha Casa, Minha Vida, que está em sua terceira etapa.

 

A prioridade do ministro são as obras do programa que estão com índices de conclusão acima de 90%. O dinheiro será usado principalmente para encerrar contratos com construtoras e para liberar as licenças e os alvarás necessários para entregar as unidades.

 

Para isso, o Ministério deve pedir a liberação dos recursos e o aumento do orçamento do programa –esse pedido poderia ser atendido por meio da aprovação de créditos suplementares, um dos motivos que levaram ao afastamento de Dilma Rousseff da Presidência.

 

Em 2016, a pasta possui R$ 6,92 bilhões disponíveis para gastar no MCMV. Se puder empregar mais R$ 4,5 bilhões no programa, o Ministério poderia cumprir todos os contratos com pagamentos previstos para este ano. Isso porque a destinação de outros R$ 4,8 bilhões do FGTS para o programa já está garantida.

 

O ministro diz que o esforço para manter o programa em dia não tem relação com os protestos por moradias que acontecem em São Paulo. “Desde que revoguei a portaria [que permitia a contratação de 11.250 unidades], informei que iríamos relançar o programa, com aprimoramentos”, afirmou o ministro.

 

As outras prioridades são as obras de saneamento e mobilidade urbana. Estas, com o dinheiro na mão, o ministro poderia empenhar R$ 150 milhões sem a necessidades dos créditos suplementares.

 

INSOLVÊNCIA

 

Em entrevista coletiva, Araújo afirmou que o estado de penúria do Ministério foi uma herança do governo afastado. Porém, seu antecessor, Gilberto Kassab, é ministro em outra pasta: a de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTI).

 

“A gestão passada foi a maior passadora de cheques sem fundo do planeta. O governo criou uma expectativa que se mostrou uma fraude com governadores e prefeitos. Quem paga é a população das cidades e estados que o governo assumiu um compromisso e que não irá honrar”, diz.

 

O ministro se refere aos volumosos contratos firmados pelo governo no âmbito do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que não poderão ser pagos.

 

Somente nas áreas de saneamento e mobilidade urbana, são R$ 42 bilhões que não serão pagos este ano. Segundo o Ministério, o pagamento destes valores não foram previstos no orçamento.

 

Além das obras contratadas, uma das preocupações é a solvência de estatais ligadas à pasta, principalmente a CBTU.

 

A companhia está com os recursos no limite e o Ministério entende que, daqui 6 meses, não haverá dinheiro para pagar a conta de luz dos metrôs que ela administra.

 

Araújo deve utilizar partes dos recursos liberados pela equipe econômica para ajudar a empresa a quitar seus débitos.

 

Em nota, Kassab defendeu sua atuação à frente da pasta agora ocupada por Araújo. “O Ministério das Cidades, durante a gestão Gilberto Kassab, liberou investimentos em total sintonia com a legislação e os limites orçamentários e financeiros fixados pelo Ministério do Planejamento e do FGTS.”