Mercado Imobiliário 28/10/2015


EZTec vai desovar estoques e só volta a lançar em 2016

Fonte: Valor, 28 out. 2015

 

A EZTec vai adotar, a partir de novembro, uma postura mais agressiva na concessão de descontos de preços. A mesma postura terá na renegociação de vendas de imóveis que tiverem risco de serem canceladas devido às restrições do crédito bancário ou a maior cautela dos consumidores. Depois de não lançar nada no terceiro trimestre e de suspender uma fase de um projeto apresentado em maio, a EZTec só anunciará novos produtos ao mercado a partir do primeiro semestre de 2016. No momento, as atenções se concentram, estritamente, na comercialização de estoques.

“Não vislumbro qualidade de mercado [para fazer novos lançamentos]. Se o lançamento vender, vai vender mal, e existe a possibilidade de não vender”, disse ao Valor o fundador e presidente do conselho de administração da EZTec, Ernesto Zarzur. A companhia tomou a decisão de não lançar empreendimentos no segundo semestre para “tomar fôlego” e cumprir os compromissos já assumidos, conforme “seu” Ernesto. “Se há mercado, a empresa se atira. Se não tem, se recolhe”, diz.

O lucro líquido da companhia cairá para o patamar de R$ 400 milhões neste ano, de acordo com o fundador da EZTec. Em 2014, o ganho foi de R$ 474 milhões e, em 2013, de R$ 586 milhões.

De janeiro a setembro, os lançamentos da incorporadora caíram 68% ante o mesmo período de 2014, para R$ 197 milhões, e as vendas líquidas encolheram 38%, para R$ 331 milhões. No terceiro trimestre, as vendas tiveram queda de 81%, para R$ 38 milhões. A velocidade de comercialização medida pelo indicador VSO (vendas sobre oferta) ficou em 3%, ante 23,5% um ano antes.

“Vou fazer o que for preciso, mas não deixarei as vendas caírem”, disse “seu” Ernesto. Aos 81 anos, o empresário continua indo à EZTec todos os dias, e visitando obras e plantões de vendas.

Na missão de incrementar a comercialização de imóveis e de reduzir distratos, a companhia vai levar a área de renegociação com clientes para o prédio de sua sede, na avenida República do Líbano, na zona Sul de São Paulo. A EZTec negociará abatimentos de preços caso a caso e não oferecerá descontos massificados. “Se preciso dar descontos, vou dançar conforme a música, mas no meu ritmo, não no dos outros”, ressalta o empresário.

O diretor financeiro e de relações com investidores, Emilio Fugazza, admite que os descontos vão pressionar as margens da incorporadora, resultando em “alguma queda”, mas ressalta que o impacto será atenuado pelo efeito positivo da redução dos custos de obras. A EZTec é conhecida por apresentar as margens mais elevadas entre as incorporadoras de capital aberto ­ no primeiro semestre, a companhia teve margem bruta ficou de 54,4% ­, mas a prioridade, no momento, é vender as unidades em estoque.

Com a piora das condições de crédito bancário, a tendência é que os cancelamentos de vendas das incorporadoras cresçam, mas Fugazza diz não esperar “explosão dos distratos” da empresa. De acordo com o executivo, no terceiro trimestre, a queda da velocidade de comercialização resultou da redução das vendas brutas e não de distratos.

O diretor de relações com investidores conta que tem havido esforço dos bancos parceiros da EZTec ­ Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander ­ para reter clientes, e que a companhia vem se empenhando para que “a conta feche” para os compradores.

Na prática, além dos descontos que começará a conceder, a EZTec oferece financiamento direto da unidade ou complementar ao crédito bancário. A incorporadora tem linha de R$ 100 milhões destinada a crédito direto, da qual R$ 40 milhões já foram desembolsados. A EZTec financia os clientes com taxa de 9,99% ao ano mais Índice de Preços ao Consumidor Amplio (IPCA). Se necessário, a companhia deixará mais recursos disponíveis para financiamento direto.

Quando voltar a apresentar projetos ao mercado em 2016, a EZTec vai concentrar seus lançamentos na cidade de São Paulo. Os lançamentos serão retomados no primeiro semestre, e o ritmo dependerá das condições de mercado. A intenção é incorporar prédios de médio­alto e alto padrão em bairros como Moema, Brooklin e Aclimação, com menos unidades do que os empreendimentos lançados nos últimos anos, mas apartamentos de metragem maior. A EZTec vinha concentrando seus lançamentos em cidades vizinhas da capital, como Osasco e Guarulhos. A  retomada de novos empreendimentos no entorno de São Paulo ocorrerá depois da entrega das unidades já lançadas nessas praças. A capital paulista responde por 71% do banco de terrenos da incorporadora. O banco tem

terrenos, que tem Valor Geral de Vendas (VGV) potencial de R$ 6 bilhões, está pago.

A EZTec possui caixa líquido e não tem dívidas corporativas. Como a companhia não está fazendo lançamentos na segunda metade do ano, o volume do caixa tende a engrossar. Segundo “seu Ernesto”, por ter capital disponível, a incorporadora poderá comprar participações de sócios em projetos ou adquirir de terceiros empreendimentos ainda não lançados ou em construção, desde que surjam oportunidades.

 

No fim de setembro, a EZTec aprovou programa de recompra de ações, uma das destinações do caixa. Por enquanto, não há previsão de distribuição extraordinária de dividendos. “O plano é que o caixa sustente a operação em um momento de guerra. Depois que a situação política e econômica clarear, vamos fazer um planejamento [para o caixa]”, diz o diretor de relações com investidores.

 

A geração de caixa da empresa pode ganhar mais impulso quando a torre B do EZTowers, empreendimento na zona Sul da cidade de São Paulo, for vendida. A partir de novembro, a CBRE dará início à locação dessa torre. Em janeiro de 2013, a torre A foi vendida à São Carlos Empreendimentos e Participações.

 

Santander revisa preço da ação, mas recomenda compra

Fonte: Valor, 28 out. 2015

 

O banco Santander revisou, recentemente, o preço­alvo das ações da EZTec para baixo, mas manteve a recomendação de compra. A instituição estima preço­alvo de R$ 18,4 para 2016, ante a projeção anterior de R$ 27 neste ano. Em relatório assinado pelos analistas Bruno Mendonça e Renan Manda, o banco recomenda a EZTec como oportunidade “potencialmente boa no médio prazo” em relação a dividendos. Afirma ver espaço para a companhia distribuir 91% do seu valor de mercado em dividendos e recompra de ações até 2021 e continuar a ter caixa líquido.

A mudança considera corte significativo nos lançamentos da incorporadora ­ a projeção do banco para este ano foi reduzida de R$ 1,075 bilhão para R$ 197 milhões ­, os resultados do primeiro semestre e as revisões do Santander para as estimativas macroeconômicas. Os analistas cortaram o volume de lançamentos para 2016 de R$ 1,197 bilhão para R$ 150 milhões. Para 2017, reduziram de R$ 1,366 bilhão para R$ 555 milhões.

O Santander espera geração de caixa saudável para a EZTec e vê espaço para distribuição de quantidade significativa de dividendos extraordinários, supondo que não haja lançamento de lance projetos nos próximos 12 meses e que a demanda limitada por compra de terrenos seja limitada. O estoque de terrenos da EZTec, com VGV potencial de R$ 6 bilhões, é suficiente para lançamentos de quatro a seis anos.

Ainda que a EZTec não tenha política oficial de dividendos ou meta para potencial pagamento extraordinário, o banco considera possível distribuição mais expressiva ­ cerca de R$ 350 milhões por ano, próxima a 100% do lucro ­ no prazo de quatro a seis anos. O banco cita a potencial valorização das estimativas de geração de caixa se considerada eventual venda da torre B do EZ Towers.

A estimativa oficial do banco é que a primeira parcela de dividendos extraodinários será paga pela companhia, potencialmente, no início de 2017, referente à geração de caixa de 2016, e será positivo se ocorrer antes.

Na sua visão, a desvalorização de preço das ações da EZTec, neste ano, tem como principal razão os retornos sobre patrimônio (ROEs) potencialmente menores no prazo de três a quatro anos, que o banco considera como um período de transição. Mas, na avaliação dos analistas, a posição de caixa da EZTec limita a queda das ações.

Na avaliação do banco, a redução de tamanho da EZTec será, provavelmente, menor do que a do restante do setor devido ao caixa líquido e aos projetos bem vendidos. Para o setor, a instituição espera deterioração adicional da comercialização no trimestre passado e, potencialmente, de outubro a dezembro, com distratos pressionando as vendas líquidas. Não será surpresa, de acordo com os analistas, se algumas incorporadoras apresentarem vendas líquidas perto de zero nos dois trimestres.

O risco de aumento nas rescisões de vendas em 2016 não é insignificante, segundo o banco, mas o impacto na geração de caixa da EZTec é limitado, quando se considera o potencial total.

 

FGTS eleva teto para o ‘Minha Casa’

Fonte: Valor, 28 out. 2015

 

O Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) elevou o teto do imóvel que pode ser comprado por famílias com renda mensal entre R$ 2,35 mil e R$ 6,5 mil (faixas 2 e 3) no âmbito da terceira etapa do programa Minha Casa, Minha Vida. Esses preços não eram atualizados desde 2012. Com isso, o valor máximo de subsídios subiu de R$ 25 mil para R$ 27,5 mil.

Para as regiões metropolitanas do DF, Rio e São Paulo, o preço máximo do imóvel saiu de R$ 190 mil para R$ 225 mil. Na região Sul, Espírito Santo e Minas Gerais, o teto foi para R$ 200 mil, e no Centro­Oeste, Norte e Nordeste para R$ 180 mil. Nas cidades com menos de 20 mil habitantes, o teto do imóvel é de R$ 90 mil.

A expectativa do secretário­executivo do Ministério das Cidades, Elton Santa Fé Zacarias, Zacarias é que as contratações com os novos tetos comecem a ser feitas até o fim do ano. Segundo ele, não é necessária a aprovação de uma medida provisória ou projeto de lei, como ocorreu em anos anteriores, para que a terceira etapa do programa seja executada.

Para Zacarias, a meta de contratação de 3 milhões de moradias até o fim de 2018, como prometeu a presidente Dilma Rousseff, é possível, mas depende de disponibilidade orçamentária.

O conselho do FGTS também aprovou o limite do valor do imóvel que pode ser enquadrado na faixa 1,5 (famílias com renda entre R$ 1,8 mil e R$ 2,35 mil). Ele pode variar entre R$ 120 mil e R$ 135 mil, dependendo da localidade.

 

Teto de financiamento de imóvel pelo Minha Casa Minha Vida sobe para R$ 225 mil

Mudança foi aprovada pelo conselho curador do FGTS; teto varia de acordo com a região do Brasil, com mínimo de R$ 90 mil

Fonte: Estadão, 28 out. 2015

 

O conselho curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) aprovou nesta terça­feira, 27, a elevação do valor máximo dos imóveis que serão financiados com recursos do fundo na terceira etapa do Minha Casa Minha Vida (MCMV).

Em regiões metropolitanas de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Distrito Federal, o teto dos imóveis financiados subirá de R$ 190 mil para R$ 225 mil. Nas regiões metropolitanas do Sul, Espírito Santo e de Minas Gerais, o teto será de R$ 200 mil. No Centro­Oeste (exceto Distrito Federal), Norte e Nordeste, R$ 180 mil. O menor valor financiado pelo FGTS no MCMV é de R$ 90 mil em municípios com população abaixo de 20 mil habitantes.

O último reajuste no valor do preço dos imóveis foi dado em 2012. O conselho curador ­ formado por representantes do governo ­ também ampliou o valor do subsídio (uma espécie de desconto) pago para essas duas faixas, de R$ 25 mil para R$ 27,5 mil por imóvel. Na terceira etapa do MCMV, são classificadas como faixa 2 famílias com renda mensal de R$ 2.350 a R$ 3.600 e como faixa 3, as famílias que ganham de R$ 3.600 mil a R$ 6.500. O governo aumentou os juros nos financiamentos dessas duas faixas na terceira etapa do programa, para até 8% ao ano.

O conselho curador do FGTS também definiu as condições para os imóveis da nova faixa 1,5, destinada a famílias com renda mensal de R$ 1.800 a R$ 2.350. O valor máximo dos imóveis financiados para essas famílias será de R$ 135 mil para as regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal. Nas metrópoles do Sul, Espírito Santo e Minas Gerais, R$ 125 mil. Nas capitais do Norte, Nordeste e Centro­Oeste (com exceção do DF), R$ 120 mil.

O subsídio máximo dado na faixa 1,5, uma espécie de desconto, é de R$ 45 mil. Os mutuários dessa faixa pagarão juros de 5% ao ano. Em relação à faixa 1 (famílias com renda de até R$ 1,8 mil mensais), o conselho curador aprovou a injeção de R$ 4,8 bilhões a fundo perdido em 2016, um pedido feito pelo governo para “economizar” nas contas do ano que vem. Nesse caso, o FGTS vai bancar até 60% do imóvel, com limite de R$ 45 mil.

O secretário­executivo do Ministério das Cidades, Elton Santa Fé Zacarias, afirmou que os bancos se comprometeram a adequar os sistemas às novas regras até o fim de 2015, quando começarão a contratar imóveis pela nova tabela. O conselho curador trabalha em um calendário de transição porque foi adotada uma nova classificação do porte dos municípios. Com a decisão, algumas cidades terão o valor do teto financiado menor do que o atual. É o caso de Santa Catarina, onde quase todas as cidades tinham a classificação de região metropolitana e agora vão ser reclassificadas.

 

Zacarias afirmou que o governo trabalha para que as novas condições da terceira etapa do MCMV sejam colocadas em prática sem a necessidade de enviar uma nova Lei ao Congresso. Ele disse que a meta anunciada pela presidente Dilma Rousseff, na campanha à reeleição, de contratar 3 milhões de moradias do programa na segundo etapa vai depender do desempenho das receitas nos próximos

quatro anos. “A meta depende muito mais de questões orçamentárias do que de questões operacionais”, afirmou.

 

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