Mercado Imobiliário 14/05/2015


Governo quer aumentar financiamento imobiliário

Fonte: Folha de S. Paulo Online, 13 maio 2015

 

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, confirmou nesta quarta-feira (13) que o governo estuda medidas para aumentar os recursos do financiamento imobiliário, mas destacou a necessidade de que levem em conta o ajuste fiscal em curso.

“Tudo isso tem de ser num contexto em que o ajuste fiscal tem impacto direto. Quanto mais cedo a gente resolver essas questões, não só podemos tratar de outras questões, como a economia começa a ir na direção que estamos procurando”, afirmou a jornalistas, na embaixada do Brasil em Londres, após dois dias de encontro com investidores britânicos.

Questionado sobre o uso dos depósitos compulsórios (parte da poupança retida pelo Banco Central) para financiar imóveis, Levy não descartou a possibilidade, mas disse que as alternativas estão ainda sendo avaliadas.

“A questão esta sendo estudada. Quais as alternativas? Não tem nada estabelecido no momento, especulações são só especulações”, afirmou.

Principal fonte de credito do financiamento de imóveis, a poupança tem sofrido redução por causa de saques, prejudicando o setor.

“Num financiamento você tem que ver as diversas fontes. Essas fontes estão correlacionadas com o próprio tamanho da quantidade de depósitos. Não são recursos públicos, são recursos do sistema que podem ser canalizados para novos financiamentos”, disse Levy.

Levy enfatizou que o programa Minha Casa, Minha Vida, que envolve subsídios direto do governo e passa por atrasos em repasses, continua sendo “prioridade”. “Estamos comprometidos com o programa”, declarou.

Conforme reportagem da Folha mostrou nesta terça-feira, o governo estuda permitir, por exemplo, que recursos do FGTS (fundo de garantia) sejam usados para conceder credito na compra de imóveis de ate R$ 300 mil hoje, o teto e de R$ 190 mil, voltado para financiar habitação popular e o programa Minha Casa, Minha Vida. O objetivo e aumentar o volume de recursos destinados ao credito imobiliário, já que o saldo das cadernetas de poupança, usado para esse fim, vem baixando ha meses.

Redução de riscos – Levy aproveitou a entrevista para fazer um balanço do seu encontro com os investidores britânicos. As reuniões giraram em torno, sobretudo, de investimentos em infraestrutura no Brasil.

O ministro reafirmou o discurso de que o Brasil vive um período de “transição”, “temporário” no ano de 2015, para voltar a crescer no ano que vem.

Segundo o ministro, as conversas serviram para mostrar a situação econômica do país e detalhar as medidas tomadas em busca do crescimento a partir de 2016.

Nas palavras dele, os “riscos” levantados pelos investidores no começo do ano em relação ao crescimento do Brasil “diminuíram drasticamente” nos últimos quatro meses.

Entre os temas citados por ele estão a questão fiscal, o futuro da Petrobras e o fornecimento de energia no pais. “Esses riscos foram tratados pelo governo e estão evoluindo de maneira positiva, o que diminui a preocupação em relação ao crescimento”, disse.

Participaram da entrevista na embaixada jornalistas brasileiros e britânicos. Ao responder em inglês sobre os cortes, o ministro afirmou aos repórteres estrangeiros de que o se tratava de um tema “paroquial”.

 

Construtora planeja espigão de 135 metros em “ilha” da marginal Pinheiros

Fonte: UOL

A construtora JHSF pretende construir um conjunto de prédios em uma “ilha” na marginal Pinheiros. O empreendimento, em estilo futurista que lembra os prédios de Dubai, será em frente ao shopping Cidade Jardim, na zona sul da capital paulista e terá acesso a ele por uma plataforma de vidro. A torre principal pode chegar a ter 135 metros, ou seja, apenas cinco metros a menos que o Edifício Copan, no centro de São Paulo. A maquete do empreendimento já está em exposição na sede da construtora.

O projeto prevê o lançamento de um conjunto de apartamentos, lojas e escritórios de alto padrão e o parecer técnico já foi acatado pela CTLU (Câmara Técnica de Legislação Urbanística), da Prefeitura de São Paulo, no dia 9 de abril. No despacho, a CTLU declarou “não haver exigências adicionais de natureza urbanística a serem observadas na aprovação do empreendimento”. O Alvará de Aprovação e Execução da obra já está em análise na Secretaria Municipal de Licenciamento.

Essa é mais uma investida do mercado imobiliário em uma região considerada várzea do rio Pinheiros e com um dos últimos fragmentos de mata atlântica da capital paulista.

O terreno, entre o rio e a pista expressa da marginal, é praticamente uma “ilha”, pois não tem acesso viário e era público desde 1925, quando as margens alagáveis do rio foram desapropriadas para proteção ambiental e para viabilizar o trabalho de produção de energia elétrica da usina de Traição.

A JHSF comprou a área de 15,3 mil m², que pertencia à EMAE (Empresa Metropolitana de Águas e Energia), por meio de licitação, em janeiro de 2011. O terreno foi arrematado por R$ 16,1 milhões.

A movimentação da JHSF mobiliza associações de moradores que já conseguiram barrar vários empreendimentos, entre eles uma construção da Cyrela ao lado do parque Burle Marx. As associações SOS Panamby e Amigos Cidade Jardim estão preocupadas com a falta de estrutura viária e de esgoto na região.

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O advogado Roberto Delmanto Júnior, que lidera a associação SOS Panamby, disse acreditar que falte debate antes de um projeto como esse ser aprovado. “A população tem o direito de debater projetos dessa envergadura, tendo conhecimento deles antes de sua aprovação, pois somos nós, os cidadãos, os que sofrerão os impactos de obras colossais como essa”, afirmou.

O empreendimento é considerado de “significativo impacto na vizinhança ou na infraestrutura urbana” e vai ser construído entre vias classificadas como “estruturais”, segundo o próprio projeto.

Para conseguir aprovar a obra, a construtora deverá dar compensações financeiras ao município com a compra de Cepacs (Certificado de Potencial Adicional de Construção). Os certificados permitem que se construa acima do limite ou do zoneamento permitido em áreas específicas da cidade de São Paulo.

“A maior preocupação é ambiental, pois a obra está muito próxima da margem do rio, quase dentro dele, em uma zona de preservação ambiental. A região sofrerá um impacto muito grande, uma vez que as marginais já não comportam o tráfego de hoje. Comprar créditos de construção e construir pontes não vai adiantar nada”, afirmou a urbanista Helena Caldeira.

O conglomerado da JHSF na região, chamado de Parque Cidade Jardim, já inclui o shopping Cidade Jardim, nove prédios residenciais (com apartamentos de 235 a 1.885 m²) e um centro empresarial, totalizando uma área construída de 17 mil m².

 

Impactos ambientais e urbanísticos

A margem do rio deve ser preservada como prevê o Código Florestal. Segundo a lei federal, a área onde será feito o empreendimento é uma APP (Área de Preservação Permanente) e portanto não poderia abrigar qualquer edificação.

O empreendimento deve gerar um impacto no tráfego da marginal Pinheiros, principal acesso viário à zona sul da capital.

De acordo com o pedido de alvará registrado na Prefeitura de São Paulo, a obra deve ter 1.983 vagas de estacionamento para o centro comercial e 1.809 para o conjunto residencial, o que totalizaria quase 3.800 vagas.

A “ilha”, onde o projeto prevê a construção, não tem acesso à marginal e ocupa uma rara área verde na beira do rio. A contrapartida da construtora prevê o redesenho da marginal naquele trecho, com a construção de vias, alças de acesso e a implantação de sinalização.

A construtora comprou Cepacs para garantir o uso comercial do terreno em uma zona residencial. Além disso, o recuo estipulado pela prefeitura para edificação naquele terreno é de dez metros até a marginal, o que é considerado muito pouco por diversos urbanistas.

“A mitigação do impacto é sempre empírica. Se há trânsito a solução é sempre colocar um farol ou construir uma ponte. Não se considera que aquela região já não comporta mais empreendimentos”, afirmou a urbanista Regina Monteiro.

 

Outro lado

A empreiteira JHSF informou, por meio de nota enviada por sua assessoria de imprensa, que maquete “é meramente artística e refere-se a um projeto em fase de estudos”.

“Não há nenhuma definição sobre seu prosseguimento. Importante ressaltar que a foto foi feita desrespeitando sinalização clara de proibição de captação de imagem da maquete”, informou a nota.

A Secretaria de Licenciamento da prefeitura de São Paulo confirmou que o projeto está em análise, e que não há prazo para a definição se o Alvará de Aprovação e Execução da obra será concedido.

 

No setor imobiliário, Cushman & Wakefield se fundirá com a DTZ

Fonte: DCI, 13 maio 2015

 

A Cushman & Wakefield e a DTZ chegaram a um acordo para a fusão e estão prestes a se tornar uma das maiores empresas de serviços imobiliários do mundo. A nova empresa, que vai operar sob a marca Cushman & Wakefield, terá receitas superiores a US$ 5,5 bilhões, mais de 43 mil funcionários e irá gerenciar mais de quatro bilhões de pés quadrados globalmente em nome de clientes institucionais, corporativos e privados.

“A DTZ está feliz com a fusão sob a proeminente marca Cushman & Wakefield. As empresas têm habilidades notavelmente complementares e cobrem diferentes regiões. Seja em Nova Iorque, Londres ou Xangai, esta será uma combinação formidável”, declarou Brett White, que assumirá o cargo de presidente e diretor executivo da companhia combinada.

Ele acrescentou: “Apesar de amplitude e profundidade serem importantes para atender aos clientes, nem tudo se relaciona com tamanho. Há também a experiência local”. White tem mais de 30 anos no setor e já ocupou o cargo de diretor executivo da CB Richard Ellis, de locação.

 

Crédito caro derruba o lançamento de imóveis

Fonte: Valor, 14 maio 2015

 

O aumento das restrições ao crédito e a elevação das taxas de juros estão derrubando de forma significativa o lançamento de empreendimentos imobiliários no país. Empresas que fazem parte da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) reduzem a compra de terrenos e seguram os lançamentos, segundo informou ao Valor o presidente da entidade, Rubens Menin.

 

No primeiro trimestre, Cyrela, Direcional, Even, EZTec, Gafisa, Helbor, MRV, PDG, Rodobens Negócios Imobiliários e Tecnisa realizaram lançamentos no total de R$ 1,74 bilhão, valor 66% abaixo do registrado no mesmo período de 2014. A retração pode se acentuar com a suspensão do crédito à produção, decidida pela Caixa Econômica Federal, e o aumento do custo de financiamento.

 

O ambiente de demanda retraída, confiança do consumidor em baixa e estoques de imóveis elevados desestimula o lançamento de novos projetos, cenário agravado pela redução do crédito imobiliário. “A Caixa e o Banco do Brasil mudaram o jogo e as empresas estão postergando as atividades”, disse o presidente da Abrainc.

 

Pessimistas com a chance de o governo federal liberar parte do compulsório da caderneta de poupança para o crédito imobiliário, empresários da construção civil apostam agora na revisão das regras de direcionamento obrigatório da poupança. O objetivo é que o Banco Central limite a aquisição, pelas instituições financeiras, de instrumentos como os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) para cumprir a exigência de aplicação dos recursos da poupança no financiamento ao setor.

 

Levantamento feito pelo Valor mostra que, no fim do primeiro trimestre, o saldo do crédito imobiliário nas duas principais instituições financeiras privadas do país ­ Itaú Unibanco e Bradesco ­ representava menos de 50% da captação da poupança.

 

Crédito escasso freia negócios de incorporadoras

Fonte: Valor, 14 maio 2015

 

As incorporadoras pretendem colocar o pé no freio de novos investimentos devido às restrições de crédito imobiliário e ao aumento da taxa de juros. Empresas que fazem parte da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) têm sinalizado que vão reduzir a compra de terrenos e lançar ainda menos empreendimentos, de acordo com o presidente da entidade, Rubens Menin.

No primeiro trimestre, Cyrela, Direcional, Even, EZTec, Gafisa, Helbor, MRV, PDG, Rodobens Negócios Imobiliários e Tecnisa lançaram, em conjunto, R$ 1,74 bilhão, 66% abaixo do mesmo período de 2014. A retração dos lançamentos pelo setor pode se acentuar com a suspensão do crédito à produção pela Caixa Econômica Federal e o aumento da taxa de juros pelas instituições financeiras.

As mudanças no crédito imobiliário fazem com que os “próprios clientes fiquem mais restritivos nas aquisições”, diante de parcelas maiores resultantes do aumento das taxas de juros, segundo o diretor financeiro e de relações com investidores da Rodobens, Flávio Vidigal De Cápua.

O ambiente de demanda retraída, confiança do consumidor em baixa e estoques de imóveis elevados desestimula o lançamento de novos projetos, cenário agravado pela redução do crédito imobiliário. “A Caixa e o Banco do Brasil mudaram o jogo, e as empresas estão postergando as atividades”, diz o presidente da Abrainc.

Uma das maiores preocupações do setor, segundo Menin, é o reflexo do custo maior do financiamento nos distratos, ou seja, nos cancelamentos de vendas. Com a elevação dos juros e do rigor dos bancos para conceder crédito, o número de compradores que consegue se enquadrar diminui. Nos últimos anos, os distratos cresceram com a entrega de empreendimentos lançados nos primeiros anos após a abertura de capital. “O ciclo de alta dos distratos pode não ter chegado ao fim”, diz Menin.

Há tendência de aumento das rescisões de vendas quando o cliente opta por financiar a aquisição com um banco que não foi o que concedeu o crédito à produção, segundo o diretor financeiro da Helbor, Roberval Toffoli. O maior rigor das instituições financeiras também contribui para aumentar o prazo dos repasses.

Conforme Toffoli, as mudanças no crédito imobiliário “ainda não são impeditivas” para os lançamentos da Helbor. “Vamos lançar menos para equacionar nossos estoques. Mas, se sentirmos que os bancos privados começaram a sofrer reflexos da escassez de recursos da Caixa e do Banco do Brasil, é provável que isso se torne mais uma variável impeditiva de lançamentos”, diz. Para se precaver, a Helbor tem antecipado a contratação do financiamento às obras com as instituições privadas.

A EZTec contrata, antecipadamente, os financiamentos à produção e não possui, no momento, contratação desse tipo de crédito com a Caixa. Segundo o diretor financeiro e de relações com investidores da EZTec, Emilio Fugazza, a empresa mantém o planejamento de “lançar produtos conforme comprovação de demanda” e sua posição financeira “permite suportar cenários de crédito mais restrito, com caixa e recebíveis suficientes para execução de obras ou financiamento aos clientes”.

Por enquanto, a Rodobens não deixou de conseguir financiamento para nenhum projeto, segundo De Cápua, mas tem encontrado taxas maiores e sentido as instituições financeiras mais cautelosas na avaliação da concessão de crédito.

Na semana passada, o diretor financeiro e de relações com investidores da Gafisa, André Bergstein, disse ao Valor que, como a Caixa está mais seletiva nos financiamentos à produção e aos compradores, a divisão tem buscado crédito com os bancos privados.

Questionado sobre o aumeno da procura de incorporadoras por financiamento dos bancos privados, o presidente da Abrainc afirmou que essas instituições estão “no limite da sua capacidade” e não têm como compensar a fatia que deixará de ser atendida pelos bancos públicos.

Para que haja mais recursos para o crédito imobiliário, o setor quer que o governo reduza a faixa de recolhimento compulsório da poupança. A Abrainc está concluindo estudo que pretende demonstrar que a diminuição do compulsório resultaria em superávit fiscal para o governo por conta da faixa de 4% a 7% dos impostos pagos, diretamente, pelas incorporadoras sobre o crédito à produção, além do aumento do recolhimento dos tributos de toda a cadeia.

 

Menin defende também que a terceira fase do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida seja anunciada em breve, com elevação do teto dos preços dos imóveis enquadrados nas faixas 2 e 3. “Não dá para entender como, em um cenário tão ruim, uma medida como essa seja postergada”, diz o presidente da Abrainc.

 

No momento, mudanças no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), como a elevação do valor máximo financiado com esses recursos, estão em discussão. Na avaliação de Menin, o teto do preço do imóvel financiado com recursos do FGTS será elevado de R$ 190 mil para R$ 220 mil ou R$ 230 mil, e não para R$ 300 mil, como tem sido discutido. O aumento do valor é considerado benéfico pelo presidente da Abrainc, pois poderá financiar a nova faixa esperada do Minha Casa, Minha Vida pelo setor, entre a primeira e a segunda.

Outra discussão sobre os recursos do FGTS é a equiparação da remuneração das aplicações no fundo à da poupança. O diretor financeiro e de relações com investidores da Tenda, Felipe Cohen, diz não acreditar que a proposta seja aprovada nos termos apresentados, por colocar em risco a “saúde do fundo”. Cohen ressalta que a medida beneficia a média e a alta renda. “A baixa renda é beneficiada por programas sociais que utilizam o FGTS, como o Minha Casa, Minha Vida”, diz o executivo da Tenda.

As mudanças recentes do crédito imobiliário à produção não afetam a Tenda, de acordo com Cohen, pois a divisão de baixa renda da Gafisa atua apenas na faixa 2 do programa habitacional, a qual utiliza dinheiro do FGTS. “O que temos sentido, desde o fim do ano passado, é aumento das exigências pela Caixa e pelo Banco do Brasil para o crédito a pessoas físicas”, diz o executivo. A Tenda tem aumentado os investimentos em marketing para levar mais clientes a suas lojas.

 

Setor pede que BC limite uso de títulos

Fonte: Valor, 14 maio 2015

 

Pessimistas com a chance de o governo liberar parte dos compulsórios para crédito imobiliário, empresários da construção civil apostam agora em uma revisão das regras de direcionamento obrigatório da poupança. O objetivo é que o Banco Central (BC) limite a aquisição de instrumentos como Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) para as instituições financeiras cumprirem a exigência de direcionar ao menos 65% dos recursos da poupança para o financiamento imobiliário.

Os principais bancos privados emprestam bem menos que o mínimo estabelecido para a compra da casa própria. Levantamento feito pelo Valor mostra que, ao fim do primeiro trimestre, o saldo de crédito imobiliário nas duas principais instituições financeiras privadas do país representava menos de 50% da captação da poupança.

O Itaú Unibanco, por exemplo, tinha R$ 40,5 bilhões em sua carteira de crédito imobiliário ao fim do primeiro trimestre deste ano, valor que representa apenas 35% dos mais de R$ 117 bilhões depositados nas cadernetas de poupança do banco. No Bradesco, a relação era um pouco maior (47%), com R$ 43 bilhões emprestados e R$ 91 bilhões na poupança. Apesar dos empréstimos estarem bem abaixo de 65%, os bancos fazem uso de outros meios ­ permitidos pelo BC ­ para cumprir a meta. O mais usado é a aquisição dos CRIs, títulos que são lastreados em

contratos de financiamento, locação e arrendamento de imóveis.

Na última sexta­feira, o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Rodrigues, pediu ao presidente do BC, Alexandre Tombini, que o uso dos CRIs para cumprimento da meta de financiamento só seja aceito para títulos lastreados em imóveis enquadrados no Sistema Financeiro Habitacional (SFH). Ele também sugeriu um limite de 5% para esses papéis nas carteiras dos bancos.

De acordo com o dirigente, hoje os bancos cumprem os 65% comprando CRIs atrelados a diversas categorias de empreendimentos, como shopping centers. Na avaliação dele, esse uso dos títulos desvirtua o objetivo de fomentar o financiamento de residências. Rodrigues disse que os bancos detêm cerca de R$ 54 bilhões em CRIs.

A ideia apresentada ao BC, de acordo com o dirigente, é de que seja estabelecido um período de transição para as novas regras, que poderia ser de 12 meses. “Sobraria um bom volume de recursos [para financiamento imobiliário]”, afirmou o presidente da CBIC.

Ontem, na abertura de uma reunião do conselho da entidade, Rodrigues lembrou que os empresários apoiaram, no passado, a criação de instrumentos como o CRI, mas afirmou que o momento atual exige uma revisão das regras. “Foram feitos com nossa anuência e incentivo, mas é preciso dar uma revisitada geral em todos os itens da exigibilidade para ver se eles ainda são relevantes”, afirmou.

Outro pleito é o aumento das verbas do programa Pró­Cotista, que oferece financiamento de imóveis a trabalhadores titulares de conta vinculada do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Atualmente, segundo a CBIC, o programa tem apenas R$ 800 milhões disponíveis e o setor privado solicitou uma expansão para R$ 5 bilhões. “Tive a informação hoje (ontem) pela manhã de que estão fechando algo em torno de R$ 4 bilhões”, afirmou Rodrigues.

Os conselheiros discutiram ainda uma proposta que visa aumentar para R$ 300 mil o valor máximo que poderia ser financiado com recursos do FGTS para compra da casa própria. O limite atual é de R$ 190 mil. “Esse valor já ajudaria muito o nosso mercado”, disse o presidente da entidade, antes de reconhecer que uma elevação para R$ 250 mil já seria satisfatória.

Além de Tombini, a CBIC levou suas propostas ao ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante. A expectativa é de que os pleitos sejam levados hoje para apreciação da presidente Dilma Rousseff. Os empresários reconhecem, no entanto, que a liberação dos compulsórios é “quase impossível”. Questionado sobre a reação do presidente do BC a seus pedidos, Rodrigues confessou não ter conseguido identificar qualquer sentimento. “Ele agiu como um jogador de pôquer”

 

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